Gripe suína
27 de abril de 2009A gripe suína, que já provocou no México mais de uma centena de mortes, preocupa autoridades sanitárias em todo o mundo. Após a descoberta de casos da gripe nos EUA, foi confirmado um caso na Espanha e dois no Reino Unido. Também há suspeitas de contaminação na França. Na Alemanha, os testes de pacientes eventualmente contagiados foram negativos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) vê riscos de uma pandemia que pode atingir todos os continentes, embora ainda seja cedo para avaliar o real perigo de que isso aconteça, afirmam as autoridades.
"Estamos muito preocupados. Trata-se de um vírus novo, cujo contágio se dá pelo contato humano", afirma Thomas Abraham, porta-voz da OMS. A organização acredita que este seja o maior risco de uma epidemia de grandes proporções desde a reincidência da gripe do frango em 2003, que matou 257 dos 421 infectados em 15 países do mundo.
Recomendação oficial: evitar o México
Os governos de vários países, entre estes a Alemanha, advertem seus cidadãos a evitar viagens ao México no momento, exceto em casos de extrema necessidade. No site do ministério alemão das Relações Exteriores, a recomendação oficial é a de que as viagens ao país da América Central só sejam realizadas quando não houver outra alternativa.
Para Jörg Hacker, presidente do Instituto Robert Koch, especializado em infectologia, é possível que casos de gripe suína sejam mesmo confirmados na Alemanha. "Temos desde 2005 um plano nacional para caso de pandemias", afirmou Hacker à emissora Deutschlandfunk.
"No último fim de semana, os especialistas do Instituto Robert Koch trabalharam intensamente junto às autoridades sanitárias de cada estado alemão, a fim de estabelecer as recomendações necessárias, que serão também publicadas no site do Instituto", disse Hacker.
UE: reunião extraordinária
A União Europeia convocou uma reunião extraordinária dos ministros da Saúde dos países do bloco para discutir o problema. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, afirmou que ainda é muito cedo para especular a respeito de qualquer disseminação do vírus no continente. "Junto aos governo de cada país, estamos observando detalhadamente a situação", disse Barroso.
A gripe suína é provocada pelo vírus A/H1N1, cujo contágio se dá entre as pessoas através de aperto de mão, tosse ou espirros. O vírus contém material genético de vírus encontrados em porcos, aves e humanos. "Trata-se de uma infecção humana, embora o vírus tenha semelhanças com vírus encontrados em porcos", afirma Thomas Mittenleiter, presidente do Instituto de Veterinária Friedlich Loeffler, na Alemanha.
Mundo melhor preparado
Os infectados pela gripe suína apresentam sintomas semelhantes a uma gripe normal, como febre súbita, dores musculares, tosse e garganta seca, embora tenham também diarreia e náuseas em proporções maiores do que no caso de gripes convencionais.
Em 1918, a gripe espanhola provocou a morte de até 100 milhões de vítimas. Em 1968, a gripe de Hong Kong matou um milhão de pessoas. A OMS lembra, porém, que as autoridades sanitárias de hoje estão muito mais preparadas para combater uma pandemia do que antes. A indústria farmacêutica estima que a fabricação de uma vacina eficaz pode levar ainda alguns anos.
Reação do mercado financeiro
Os mercados financeiros também reagem ao problema no momento. "A gripe suína é o centro das atenções", afirma Masafumi Yamamoto, estrategista monetário do Royal Bank of Scotland. O euro caiu em relação ao dólar e ao iene. Analistas lembram, porém, que epidemias como essa costumam influenciar os mercados financeiros somente a curto prazo.
As ações da companhia aérea Lufthansa despencaram 12% na bolsa após a anúncio de cada vez mais casos de gripe suína no México e de registros da doença também nos EUA. Especialistas contam com uma redução do número de passageiros alemães com destino ao exterior em função da gripe.
SV/ap/rtr/afp
Revisão: Rodrigo Abdelmalack