UE e China se unem pelo clima, mas divergem sobre comércio
2 de junho de 2017China e União Europeia (UE) reafirmaram nesta sexta-feira (02/06) suas críticas à saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, mas falharam em emitir uma declaração conjunta sobre o clima – prevista por autoridades chinesas e europeias – em meio a discordâncias sobre comércio.
Líderes do bloco europeu se reuniram com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em Bruxelas, após dois dias de reuniões entre o premiê e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, em Berlim.
A expectativa, antecipada na quinta-feira pelas entidades, era que as potências emitissem um inédito comunicado oficial em conjunto em defesa da implementação total do acordo climático de Paris. Contudo, divergências em relação ao comércio exterior, principalmente à produção de aço, ressaltaram as diferenças na relação por vezes complicada entre Bruxelas e Pequim.
A China, maior produtora e consumidora de aço do mundo, prometeu em 2016 reduzir sua capacidade, mas siderúrgicas europeias reclamam que as exportações chinesas de baixo custo ainda inundam o mercado. A produção siderúrgica chinesa anual corresponde a quase o dobro da europeia.
Em pronunciamento ao lado de Keqiang, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou ter sido discutida a questão da produção do aço, mas não houve grandes avanços. "Conseguimos estreitar as posições, mas ainda não chegamos lá", observou o líder europeu.
Segundo agências de notícias internacionais, a entrevista coletiva após a reunião, que também contou com a presença do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, chegou a ser adiada por três horas enquanto eles tentavam alcançar um acordo.
Apesar das divergências em relação ao comércio terem transtornado o plano de uma declaração conjunta sobre o clima, os líderes se comprometeram a diminuir o uso de combustíveis fósseis, além de angariar fundos para ajudar países mais pobres a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa.
Também não faltaram críticas, durante a coletiva, à decisão do presidente americano, Donald Trump, anunciada na véspera, de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris. Assinado em 2015 por quase 200 países, o pacto prevê a redução global das emissões a fim de frear o aquecimento global.
"Estamos convencidos de que a decisão dos Estados Unidos de deixar o Acordo de Paris é um grande erro", afirmou Tusk, falando em nome de Juncker e do premiê chinês.
"A luta contra as mudanças climáticas – e toda a pesquisa, inovação e progresso tecnológico que ela vai trazer – continuará, com ou sem os EUA", acrescentou o líder europeu, destacando que "as relações transatlânticas são muito mais importantes e duradouras do que as últimas decisões lamentáveis tomadas pelo novo governo [americano]".
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