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Estado de DireitoTurquia

UE pede que Turquia liberte ativista Osman Kavala

12 de julho de 2022

Apelo ocorre após Tribunal Europeu dos Direitos Humanos condenar Ancara por descumprir determinação da Corte que exige a soltura do empresário, preso há quatro anos por motivos políticos.

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Osman Kavala
Tribunal Europeu dos Direitos Humanos afirma que Turquia quer silenciar Kavala e "dissuadir outros defensores dos direitos humanos".Foto: Kerem Uzel/dpa/picture alliance

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, pediu nesta segunda-feira (11/07) que a Turquia liberte o ativista e empresário Osman Kavala, momentos depois de o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) publicar uma decisão que afirma que Ancara descumpriu uma sentença anterior sobre o tema emitida pela Corte em 2019.

"A UE insta a Turquia a seguir as recomendações do Conselho da Europa sobre o fortalecimento do Estado de direito, democracia e direitos fundamentais e implementar as decisões pendentes do TEDH, em particular a que exige a libertação imediata de Kavala", disse Borrell em nota.

As autoridades turcas prenderam Kavala em outubro de 2017. Em abril deste ano, ele foi condenado à prisão perpétua por tentar derrubar o governo, devido à sua participação nos protestos de 2013.

Borrell disse que a sentença contra o ativista é "injusta" e "incompatível com o respeito pelos direitos humanos, liberdades fundamentais e Estado de direito".

"Ancara não agiu de boa fé"

O TEDH havia determinado em 2019 que a Turquia libertasse Kavala. Em uma nova decisão nesta segunda-feira, os juízes da Corte consideraram que "as medidas indicadas pela Turquia não nos permitem concluir que agiu de boa fé, de maneira compatível com as conclusões e o espírito do julgamento de Kavala".

Os juízes europeus destacaram que, apesar de três decisões judiciais que ordenaram sua libertação e absolvição, Kavala, de 64 anos, está em prisão preventiva há mais de quatro anos por "suspeita insuficiente para justificar o crime".

Na sentença de 2019, eles enfatizavam que a prisão ocorreu sem elementos acusatórios suficientes e que o objetivo era "reduzi-lo ao silêncio e dissuadir outros defensores dos direitos humanos".

Possível suspensão da Turquia

Após mais de dois anos de descumprimento da sentença, o Comitê de Ministros do Conselho da Europa – órgão internacional composto por 47 países, incluindo a Turquia, e do qual o TEDH faz parte – aprovou em fevereiro deste ano a abertura de um processo por infração contra a Turquia, que foi agora validado pelo TEDH.

A decisão, aprovada por 16 votos contra 1, é considerada mais um passo para uma possível suspensão da Turquia como membro do Conselho da Europa. O único voto contrário foi o do magistrado turco Saadet Yüksel, que sustentou que os crimes pelos quais Kavala permanece na prisão são diferentes daqueles que levaram à condenação da Turquia pelo TEDH.

A Corte também ordenou que a Turquia pague a Kavala 7.500 euros por desrespeitar a decisão anterior do tribunal.

"A recusa contínua da Turquia em implementar essas decisões levanta preocupações da UE em relação à adesão do Judiciário turco aos padrões internacionais e europeus", disse Borrell.

md/bl (EFE, AFP, Reuters)