Venezuela anuncia "grande show" na fronteira com a Colômbia
18 de fevereiro de 2019O governo de Nicolás Maduro anunciou nesta segunda-feira (18/02) que em 22 e 23 de fevereiro será realizado um "grande show" na fronteira com a Colômbia, além do envio de assistência médica e alimentos a pessoas carentes na cidade colombiana de Cúcuta.
O evento, chamado "Tirem as mãos da Venezuela", foi marcado para a mesma data de um show internacional a ser realizado em Cúcuta em apoio à ajuda humanitária organizada pelo oposicionista Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino do país no mês passado.
"Aceitamos uma proposta de uma grande quantidade de artistas venezuelanos que pediram para fazer um encontro cultural, um grande concerto pela paz, pela vida", disse o ministro venezuelano da Informação, Jorge Rodríguez, em declaração à emissora de televisão estatal VTV.
Rodríguez não esclareceu quais artistas se apresentarão no evento – que acontecerá na ponte Simón Bolívar, que liga Venezuela e Colômbia –, mas disse que dois dias de shows não bastam para a quantidade de "irmãos de todas as partes do mundo que querem participar". Segundo o ministro, a ideia do festival é passar uma "mensagem de denúncia contra a agressão brutal à qual tentam submeter o povo venezuelano".
Na mesma data, o governo Maduro anunciou que pretende enviar 20 mil caixas de alimentos à população carente de Cúcuta, enquanto profissionais de saúde oferecerão atenção médica gratuita às crianças da região.
O evento promovido por Maduro coincide com o chamado "Venezuela Aid Live", show que acontece no lado colombiano da fronteira. A iniciativa foi anunciada pelo empresário britânico Richard Branson, fundador do Grupo Virgin. Entre os artistas convidados estão Anitta, Luis Fonsi, Alejandro Sanz, Juanes, entre outros.
Em Cúcuta, estão armazenadas toneladas de ajuda humanitária a serem enviadas à Venezuela, país que há quase cinco anos sofre de escassez de remédios, enquanto os alimentos só podem ser adquiridos a preços que a maioria dos venezuelanos não pode pagar.
A ajuda humanitária foi enviada pelos Estados Unidos, em resposta ao apelo de Guaidó. Sua entrada na Venezuela foi, porém, bloqueada pelo governo em Caracas. O opositor pediu então apoio a voluntários para distribuir esses mantimentos no dia 23 de fevereiro.
Guaidó condenou o show anunciado pelo governo e disse que é preciso ser "muito cínico" para "fazer piada" com a necessidade enfrentada pelos venezuelanos.
A Venezuela vive grande instabilidade política desde 10 de janeiro passado, quando Maduro tomou posse após eleições que não foram reconhecidas como legítimas pela maioria da comunidade internacional.
A crise política agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou presidente interino e declarou assumir os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres. Maduro, de 56 anos, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do Parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada por Washington.
Essa crise política soma-se a uma grave crise econômica e social, que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.
CN/efe/afp/dpa
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