Venezuela enfrenta novo apagão
25 de março de 2019Apenas três semanas depois de um corte que deixou quase toda a Venezuela sem fornecimento de energia elétrica, um novo apagão atingiu nesta segunda-feira (25/03) grande parte do território venezuelano, inclusive Caracas.
O blecaute começou às 13h23 (horário local) e, segundo a agência de notícias Efe, várias áreas da capital foram afetadas pela interrupção. O apagão paralisou também o serviço de metrô de Caracas. Milhares de moradores da capital tiveram que voltar para casa a pé. Praticamente toda atividade comercial foi interrompida.
Ao menos 15 dos 23 estados do país ficaram às escuras. Serviços de telefonia e internet também foram afetados. O deputado opositor Carlos Valero disse no Twitter que, além de Caracas, os estados de Aragua, Delta Amacuro, Lara, Zulia, Monagas, Bolívar, Portuguesa, Yaracuy, Anzoátegui, Mérida, Táchira, Nova Esparta, Carabobo e Miranda sofreram cortes na energia.
Segundo o governo de Nicolás Maduro, o blecaute foi provocado por um novo ataque à rede elétrica, já contido pelos sistemas de proteção. A suposta sabotagem teria ocorrido na usina hidrelétrica de Guri, no sul do país, que é responsável pela geração de 70% da energia consumida no país.
"Todos os mecanismos implementados pelo presidente Maduro depois do brutal ataque cometido pela extrema direita no último dia 7 de março permitiu que, em tempo recorde, tivesse início um processo de recuperação quase total do sistema elétrico", disse o ministro de Comunicação da Venezuela, Jorge Rodríguez.
"O que levou cinco ou seis dias depois daquele ataque brutal, hoje em poucas horas conseguimos resolver", acrescentou o ministro. Rodríguez acusou a oposição de ser responsável pelo novo problema elétrico, afirmando que os críticos do chavismo tentam "afundar a população em situações de desgosto para assumir o poder".
Veículos da imprensa local relataram que o fornecimento de energia está voltando em diferentes partes do país. No entanto, Caracas e alguns estados ainda estão no escuro.
O autoproclamado presidente interino do país, Juan Guaidó, reconhecido por mais de 50 países, acusou o governo de Maduro pelo blecaute. "A falta de manutenção e a corrupção do regime são responsáveis pela tragédia, incluindo o novo apagão", escreveu em sua conta no Twitter.
Guaidó afirmou que ao menos 17 estados foram afetados pela queda de energia e 57% do fornecimento foi cortado.
O novo apagão ocorre poucas semanas depois do blecaute mais grave já registrado na história da Venezuela. Maduro responsabilizou então os Estados Unidos e a oposição venezuelana pela suposta "sabotagem" na hidrelétrica Guri. Guaidó rebateu as acusações, afirmando que a situação foi provocada pela má gestão dos recursos destinados ao setor elétrico do país.
O apagão anterior deixou o país praticamente paralisado durante uma semana e um saldo de 15 mortos devido a problemas de fornecimento elétrico nos hospitais, segundo a oposição, um número que as autoridades reduziram a dois.
As falhas de fornecimento de energia elétrica são cada vez mais frequentes e prolongadas na Venezuela. Em 2005, engenheiros advertiram que o país poderia registar um apagão geral devido às condições precárias do sistema.
Ao problema soma-se ainda, segundo a imprensa local, a perda de centenas de empregados da Corporação Elétrica Nacional da Venezuela (Corpoelec), que saíram da Venezuela em busca de melhores condições de vida no exterior.
CN/efe/lusa/afp
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