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Vitral da Catedral de Colônia vai unir o gótico com o moderno

Michael Köhler (kjb/mm)3 de agosto de 2006

Ele já foi chamado de Picasso dos dias atuais e, recentemente, tornou-se o pintor vivo mais caro do mundo. O projeto mais recente de Gerhard Richter é um moderno vitral de 11.200 peças para a catedral gótica de Colônia.

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Vitral de Gerhard Richter ficará pronto em 2007Foto: picture-alliance/ dpa

O vitral colorido da Catedral de Colônia, do aclamado artista alemão Gerhard Richter, não passará despercebido, não apenas por seu imenso tamanho e localização evidente, mas também por seu estilo não-tradicional.

"O vitral será uma significante contribuição da arte moderna para a Catedral de Colônia", disse Barbara Schock-Werner, construtora-chefe responsável pela catedral.

Gerhard Richter é considerado um dos mais expressivos pintores de nosso tempo. Seus trabalhos estão nas paredes de museus de todo o mundo e colecionadores gastam milhões para adquirir rapidamente suas telas. O artista de 74 anos, residente em Colônia, planeja revelar seu monumental vitral de 11.200 peças no segundo semestre de 2007.

Gerhard Richter ofereceu produzir a peça de 110 metros quadrados como um presente para a cidade, catedral e visitantes. Doações vão cobrir os custos da obra, estimados em 350 mil euros.

Obra-prima moderna

Der Kölner Dom: beliebteste Sehenswürdigkeit Deutschlands
Catedral de Colônia atrai 2.5 milhões de pessoas por anoFoto: dpa

"O mais importante para mim foi integrar este vitral no ciclo de janelas históricas, especialmente no tocante às cores", disse Schock-Werner. O vitral de Richter não prolonga a tradição existente, mas a desenvolve com o uso abstrato de cores.

Quadrados de vidro em 80 matizes diferentes vão substituir um pedaço de vidro quase transparente, colocado em 1950 no lugar do vitral original, destruído durante a 2ª Guerra Mundial. Os esboços para a janela danificada, criada em 1863, se perderam e nunca puderam ser reproduzidos.

De acordo com Norbert Feldhoff, prior da catedral, a peça substituta bem menos artística deve sair, pois deixa muita luz entrar dentro da igreja e não corresponde ao estilo gótico. "A ordem das cores individuais é aleatória", explicou a construtora-chefe, descrevendo o padrão dos quadrados, que medem 9.4 centímetros em cada lado.

O vidro em si não é colorido totalmente. Ao invés, peças coloridas são anexadas na superfície exterior do vidro branco, com a ajuda de silicone.

Quebrando uma tradição artística sagrada

Gerhard Richter gestaltet Südquerhausfenster im Kölner Dom
Imagem computadorizada mostra como deve ficar o vitralFoto: picture-alliance/ dpa

Tradicionalmente, vitrais de igreja mostravam cenas bíblicas. Muito antes das histórias em quadrinhos, os painéis contavam as histórias da Bíblia para os paroquianos analfabetos, apresentando-as em cores vivas e formato grande.

No entanto, o vitral de Richter quebra intencionalmente com a tradição. Ele não representa Daniel na cova dos leões, a fuga do Egito, o nascimento de Jesus ou a crucifixão. De certa forma a Igreja arriscou, ao aceitar uma obra de arte não explicitamente religiosa.

Mas mesmo que o Cristianismo em si não apareça no trabalho, cruzes e outros símbolos da religião são visíveis em muitas outras de suas obras. Não é sem razão que Gerhard Richter recebeu, há dois anos, o prêmio da Arte e Cultura Católica Alemã.

A produção de um artista

Gerhard Richter, Motorboot, 1965
Motorboot, Gerhard Richter 1965Foto: Gerhard Richter

Esta não é a primeira vez que o renomado artista internacional escolheu vidro colorido como seu material. Em 1991, por exemplo, ele criou detalhes artísticos para o Hypobank, em Düsseldorf, projetado pelo arquiteto de Colônia Oswald Mathias Ungers.

Richter tornou-se muito conhecido nos anos 60 por basear suas pinturas em fotografias, porém empregando linhas indistintas. Sua obra, que abarca uma carreira de mais de 40 anos, é estilisticamente diversa, como se pôde constatar no Museu de Arte Moderna de Nova York, em 2002. Por ocasião dos 70 anos do artista nascido em Dresden, o museu organizou a maior mostra retrospectiva já dedicada a um artista vivo.