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Vitória apertada em eleição regional dá novo ânimo à oposição na Alemanha

21 de janeiro de 2013

Após ganharem votação na Baixa Saxônia, social-democratas e verdes recuperam esperança na campanha pela chancelaria federal. Com resultado, oposição conquista maioria na câmara alta do Parlamento alemão.

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Landtagswahl Niedersachsen Stephan Weil Sieg JubelFoto: Getty Images

Ninguém na Alemanha se recorda de um resultado eleitoral tão apertado como este. Até tarde da noite deste domingo (20/01), ainda não estava claro se a coalizão entre União Democrata Cristã (CDU) e Partido Liberal (FDP) permaneceria no governo da Baixa Saxônia ou seria substituída por uma coligação entre o Partido Social Democrata (SPD) e Partido Verde. A corrida cabeça por cabeça no estado do norte do país foi um prelúdio excitante para o ano de eleição parlamentar, em que a chanceler federal Angela Merkel (CDU) busca seu terceiro mandato.

Pelo resultado final, a CDU obteve 36% dos votos e 54 assentos na assembleia; o SPD, 32,6% dos votos e 49 assentos; o Partido Verde, 13,7% dos votos e 20 assentos; e o FDP, 9,9% dos votos e 14 assentos. Embora tenha conquistado a maioria dos votos, a CDU perdeu pela coalisão. Considerando o número de cadeiras parlamentares, a coligação SPD e Partido Verde obteve 69, enquanto a coligação CDU e FDP ficou com 68.

Para o rival social-democrata de Merkel, Peer Steinbrück, a eleição na Baixa Saxônia proporcionou uma lufada de ânimo em sua meta de substituir a chanceler. Os social-democratas ganharam votos, ainda que modestamente. "Isso significa que uma mudança de governo e de poder é possível este ano, também com vistas às perspectivas para setembro", disse Steinbrück. Ele admitiu que sua série de gafes não ajudou seu partido durante a campanha eleitoral na Baixa Saxônia. Ultimamente, houve especulações sobre uma troca de candidatos a chanceler federal. Agora, os social-democratas serão poupados desse debate desgastante.

Oposição com maioria no Bundesrat

A oposição conseguiu, com a tomada do governo da Baixa Saxônia, conquistar também a maioria no Bundesrat, a câmara alta do Parlamento alemão. Nesta maioria, estão incluídos os Estados governados pela coligação entre social-democratas e Verdes e Brandemburgo, onde o SPD governa coligado com o partido A Esquerda.

Landtagswahl Niedersachsen Stephan Weil Sieg Jubel
Governador eleito da Baixa Saxônia, Stephan WeilFoto: Reuters

As esperanças do candidato Steinbrück para as eleições em setembro recaem sobretudo sobre seus possíveis aliados, os verdes, que continuam em boa fase e conseguiram, com cerca de 14% dos votos, seu melhor resultado até hoje na Baixa Saxônia.

A chanceler federal, Angela Merkel, já contava com uma derrota do seu candidato, David McAllister, na Baixa Saxônia. Semanas antes da eleição, muitas pesquisas previram uma vitória segura de SPD e Partido Verde, baseadas sobretudo na fraqueza dos liberais do FDP, que, conforme as sondagens, não conseguiria alcançar os 5% necessários para continuar no legislativo local.

Os partidários dos democrata-cristãos tentaram salvar a coalizão de governo com uma estratégia arriscada. Milhares de eleitores da CDU votaram diretamente nos respectivos candidatos do partido em seu primeiro voto, mas deram o chamado segundo voto, dedicado à legenda, aos liberais. Em pesquisas de opinião, 80% dos eleitores do FDP reconheceram que, na verdade, o seu partido preferido é a CDU.

Enquanto o secretário-geral da CDU, Hermann Grohe, justificou esse comportamento como uma legítima divisão de votos, o líder do SPD, Sigmar Gabriel, zombou, afirmando que o FDP só se sustenta "através de transfusão de sangue".

Votos "emprestados"

O FDP conseguiu surpreender com votos "emprestados", obtendo quase 10%. O resultado não foi suficiente para salvar o governo local, mas savou a cabeça do líder nacional do FDP, Philipp Rösler, atual ministro da Economia, para quem um resultado ruim em seu estado natal poderia custar o cargo. Rösler afirmou que aquele era um "grande dia para os liberais". Mesmo assim, não Rösler e sim o veterano ex-ministro da Economia Rainer Brüderle será o candidato dos liberais para a eleição parlamentar. Muitos acreditam que ele seja o nome mais indicado para liderar o partido na campanha eleitoral.

A CDU perdeu votos com os muitos "segundos votos" dados ao liberais, não conseguindo chegar à marca dos 40%. Aparentemente, o partido esperava ser capaz de compensar essa perda, pelo menos em parte, com a ajuda do sistema eleitoral alemão, que dá assentos adicionais para partidos que elegem muitos candidatos diretos, através dos primeiros votos, algo que não ocorreu. Por isso, é questionável que os eleitores da CDU arrisquem fazer tal divisão tática de votos também na eleição parlamentar nacional, quando os liberais podem novamente estar ameaçados de não conseguir os 5% necessários para continuarem representados no Parlamento.

Niedersachsen Landtagswahl 2013 Kanzlerkandidat Peer Steinbrück Göttingen Wahlkampf SPD Deutschland
Candidato Peer Steinbrück ganha novo fôlego para enfrentar MerkelFoto: dapd

Piratas têm futuro incerto

O partido A Esquerda, que na última eleição geral, em 2009, comemorou um resultado sensacional, com 12%, manteve na Baixa Saxônia sua atual tendência de queda na preferência do eleitorado. Depois de Renânia do Norte-Vestfália e Schleswig-Holstein, o partido novamente terá que deixar o legislativo de um estado no oeste alemão. A legenda, formada em 2005 por iniciativa de Oskar Lafontaine, unindo forças de esquerda de leste e oeste do país, corre o risco de perder sua posição duramente conquistada nos estados da antiga Alemanha Ocidental. A Esquerda só está representada agora no legislativo de quatro estados ocidentais alemães. No entanto, analistas esperam que o partido consiga permanecer no Parlamento alemão, baseado na força que ainda tem nos estados a leste da federação.

O Partido Pirata, queridinho da mídia e que causou sensação ainda no final do ano passado, teve seu pior resultado até agora em uma eleição estadual e não conseguiu alcançar a marca dos 5% necessários para fazer parte da assembleia estadual. O partido tem provocado manchetes negativas ultimamente, com suas discussões internas. No âmbito nacional, eles estão na marca dos 3%, segundo as últimas sondagens. Seu futuro parece incerto.

Autor: Bernd Gräßle (md)
Revisão: Francis França