Combate ao neonazismo
25 de agosto de 2007A agressão contra oito indianos por radicais de direita na localidade saxônia de Mügeln, no fim de semana passado, desencadeou um novo debate sobre a necessidade de proibir o Partido Nacional-Democrático da Alemanha (NPD), de extrema direita. O presidente do Partido Social Democrata (SPD), Kurt Beck, pretende abordar o tema na próxima convenção partidária, em outubro. Beck recebeu respaldo de outros correligionários, mas conta com o ceticismo dos parceiros de coalizão da União Democrata Cristã (CDU) e da oposição verde e liberal.
O Ministério do Interior é contra uma nova tentativa de proibir o NPD. Sem dúvida, trata-se de um partido antidemocrático, anti-semita e anticonstitucional, que - por todas essas razões - preenche todos as condições de uma proibição, justificou o Ministério. No entanto, a fim de assegurar o êxito do processo, a atuação do serviço secreto deveria ser suspensa, algo que o Ministério rejeita terminantemente.
Serviço secreto inviabilizou proibição em 2003
O grande problema de tentar novamente proibir o partido continua sendo a atuação de agentes federais infiltrados nos grêmios de liderança do NPD. Em 2003, quando o governo alemão, com o respaldo das duas câmaras do Parlamento, requereu a proibição, o Tribunal Constitucional Federal rejeitou o pedido, alegando que a atividade do serviço secreto representava "um obstáculo intransponível para o processo".
A chanceler federal, Angela Merkel, também é cética quanto ao êxito de uma nova investida constitucional contra o NPD. O presidente do SPD justificou, no entanto, que também é contra a suspensão das atividades dos agentes federais infiltrados. Beck, que conta com o respaldo de outros políticos, como o ministro do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, acha que seria suficiente tornar mais discreta a atuação do serviço secreto.
NPD cada vez mais influente e provocador
Na Alemanha, a dificuldade de proibir um partido político é grande. Apenas o Tribunal Constitucional tem este poder; e para tal, precisa de uma maioria de dois terços. Desde o pós-guerra, só houve duas proibições na Alemanha Ocidental: em 1952, a do Partido Socialista do Reich, radical nacionalista, e em 1956 a do Partido Comunista da Alemanha.
Mas desde a tentativa fracassada de 2003, os ânimos não se acalmaram entre os políticos alemães. Quando o NPG conseguiu ingressar na Câmara dos Deputados do estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, aumentaram os apelos pela proibição do partido. Sobretudo porque muitos consideram cada vez mais provocador o comportamento público dos líderes de extrema direita.
Mais de 40% do financiamento do NPD é estatal
O presidente do NPD, Udo Voigt, foi indiciado por incitação popular, após ter sugerido o criminoso de guerra nazista Rudolf Hess para o Prêmio Nobel da Paz. O líder da bancada do NPD na Câmara estadual de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, Udo Pastörs, também gerou indignação, ao declarar "O futuro é nosso: podem nos passando o poder!"
Outra causa de grande aborrecimento é o financiamento partidário. Políticos social-democratas afirmam não saberem como justificar para o povo por que o Estado sustenta um partido que intenciona acabar com a democracia. Em decorrência das vitórias eleitorais de 2006, o NPD recebeu 1,4 milhões de euros do Estado – mais de 40% de seu faturamento.
Combate ao extremismo de direita divide coalizão
Os social-democratas criticaram o Ministério da Família pela suposta ineficiência dos programas contra o extremismo de direita. O principal argumento é de que as iniciativas de grupos neonazistas menores geralmente escapam às estruturas criadas pelo governo para conter a organização de núcleos de extrema direita.
A ministra da Família, Ursula von der Leyen (CDU), rejeitou a acusação dos social-democratas, justificando que o atual governo está investindo muito mais do que os anteriores no combate ao extremismo de direita. (sm)