21 partidos guineenses juntos contra a "ditadura"
27 de outubro de 2017Em Bissau, um coletivo constituído por 21 partidos guineenses, opositores ao regime do Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, iniciou nesta sexta-feira (27.10), uma série de ações para denunciar aquilo que chama de "ditadura" do Chefe do Estado.
O Coletivo dos Partidos Políticos Democráticos (CPPD) responsabilizou José Mário Vaz pelas "graves ruturas e a descredibilização de instituições" do Estado. O grupo acusou também o Presidente guineense de liderar "uma saga destrutiva", ao promover desentendimentos nos partidos e impedir a construção de consensos mesmo na comunidade internacional, parceira da Guiné-Bissau.
Democracia em perigo
Membros dos 21 partidos, militantes e simpatizantes reuniram-se no círculo eleitoral 24, composto por bairros situados junto ao centro de Bissau, para exigir o fim da crise e o respeito pelas regras democráticas, contra a intenção do Presidente José Mário Vaz, de instalar um regime ditatorial na Guiné Bissau.
O presidente da União para a Mudança-UM, Angelo Regala, declarou que a união de forças é um sinal claro de que a ditadura não pode ter lugar. Regala vê no ato, que aconteceu a alguns metros da sede do Parlamento em Bissau, um bom sinal. "É um sinal de que as pessoas estão conscientes de que a democracia está em perigo e que é preciso de fato nos juntarmos e, em uníssono, dizermos que a ditadura não tem lugar na Guiné Bissau", disse o líder da UM.
Manifestação é ato de cidadania
De acordo com o líder do Movimento Democrático Guineense (MDG), Silvestre Alves, a adesão ao coletivo é, antes de mais, um dever de consciência de um cidadão que quer "salvar a democracia". "Não tenho outra solução, senão aderir à causa. O senhor Presidente tem uma leitura deficiente e descabida da Constituição. E está aí a impor algo que não tem utilidade", afirmou.Para o porta-voz do partido da Nova Democracia (ND), Ibriama Djaló, um dos deveres de chefe de Estado na democracia é garantir o que está na Constituição e o normal funcionamento das Instituições. Djaló disse em entrevista à DW África que, enquanto ator político, não se pode permitir que esse grave precedente continue.
Segundo a Agência Lusa, a mesma ação será organizada nos dias seguintes em outros locais de Bissau. O grupo de partidos também planeia realizar "um megacomício" na capital guineense, em data a anunciar.
Em conferência de imprensa, Nuno Nabian, candidato derrotado na segunda volta nas eleições presidenciais de 2014, e presidente da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), avisou que "ninguém terá autoridade de impedir a realização das manifestações programadas".