"A RENAMO não tem um líder capaz de voltar a unir o partido"
9 de julho de 2023"Se a liderança da RENAMO não imprimir velocidade, a RENAMO poderá estar a caminhar para o abismo."
A três meses das eleições autárquicas, especialistas ouvidos pela DW, dizem que a RENAMO está a ficar para trás.
Sem plano de ação
O analista político Wilker Dias diz que o maior partido da oposição enfrenta neste momento dois grandes problemas: por um lado, um problema interno, porque falta coesão e uma estratégia clara; por outro lado, um problema externo, porque grande parte do eleitorado moçambicano não vê que a RENAMO esteja interessada em resolver as suas preocupações.
"Se a liderança da RENAMO não imprimir velocidade, não imprimir nenhuma atualização em termos daquilo que o povo e o partido precisa, a RENAMO poderá estar a caminhar para o abismo", disse.
Wilker Dias acredita ainda que a solução passa por mudanças na liderança da RENAMO e não está sozinho neste pensamento. O jornalista Lázaro Mabunda concorda.
"Não acho que a RENAMO tenha neste momento um líder capaz de voltar a unir o partido como fazia Afonso Dhlakama", comentou.
RENAMO dividida
Algumas alas da RENAMO têm contestado a liderança do atual presidente do partido, Ossufo Momade. Segundo o jornalista Lázaro Mabunda, Momade tem-se afastado demasiado das bases.
"Ossufo Momade deve sair dos gabinetes, para ir interagir com as alas da RENAMO", dissse. O jornalista moçambicano acrescenta ainda que Momade deve, sobretudo, criar diálogo com "as alas que eram de Afonso Dhlakama, em vez de afastá-las".
Lázaro Mabunda deixa um "conselho" ao líder da RENAMO.
"Ossufo Momade deve tentar aproximar e incluir as alas na governação da RENAMO e nos processos políticos nacionais", frisou.
Outrora, a RENAMO socorria-se do poder militar para pressionar o Governo. Mas essa era terminou. Em junho, o Governo e a RENAMO encerraram a última base militar do partido, em Vunduzi, distrito de Gorongosa. Agora, a "arma" é o debate político.
Autárquicas são "pré-gerais"
Contudo, segundo o analista Wilker Dias, se a RENAMO não alinhar os seus objetivos com as necessidades do eleitorado e se as discordâncias internas continuarem, o partido poderá perder pontos nas autárquicas, tidas como um barómetro para as eleições gerais de 2024.
"Isto beneficia de certa forma os outros partidos, incluindo a FRELIMO, o partido no poder, porque estamos a falar da RENAMO, o segundo maior partido de Moçambique", disse.
O jornalista Lázaro Mabunda antevê uma queda do maior partido da oposição. "Provavelmente, a oposição vai ser muito reduzida, sobretudo, a nível das assembleias municipais e da Assembleia da República", diz.