Angola: Diversificação da economia não avança
30 de novembro de 2022Só nos primeiros vinte e quatro dias de novembro o câmbio da moeda angolana oscilou fortemente, entre os 480 a 530 kwanzas por euro.
O economista angolano Teixeira de Andrade entende que a desvalorização pode ser provocada por quem gere a política monetária no sentido de melhor controlar o mercado. O analista avança possíveis causas para a desvalorização da moeda nacional.
"Se a gente não apostar na produção interna enquanto houver sempre necessidade de importarmos, principalmente, os produtos da cesta básica, nosso kwanza vai sempre perder peso em relação as outras, como o euro, o dólar e a libra, que são as três moedas com influência na nossa economia", disse Andrade à DW África.
Fim necessário da dependência da importação
O economista defende que o problema se resolve com o fim da dependência da importação. Mas os governantes preferem outra solução para conter a inflação. "Temos uma economia cuja a inflação é muito oscilante. Então, o Estado usa a desvalorização como forma de controlar a oscilação".
Também o economista Marcelino Silva entende que só a diversificação da economia e a exportação de produtos poderão ajudar a resolver o problema. Mas não se mostra otimista, salientando que os governantes falam muito de diversificação, mas pouco fazem de concreto.
Diversificação procura-se
Silva sugere que se passe rapidamente à prática, por exemplo através de "uma aposta séria na agricultura e no investimento privado".
A sucessiva desvalorização da moeda nacional e consequente perda do poder de compra dos angolanos gerou uma onda de insatisfação generalizada, que resultou num aumento de reivindicações laborais.
O investigador Amílcar de Armando diz que o cidadão é sempre o sacrificado. "O comerciante nunca perde porque ele vai ajustar ao câmbio do dia", afirma. "Nós temos outros problemas: o imposto sobre o rendimento do trabalhador, imposto sobre o valor acrescentado, tudo isso acrescido faz com que a vida fica mais cara".
A situação é preocupante para a população que, cada vez mais, recorre a protestos. "Não é normal que tenhamos cada vez mais movimentos reivindicativos, a nível da função pública e não só, porque o custo de vida aumentou. Vemos greves de professores, médicos, enfermeiros", disse Armando.