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Ações bem sucedidas contra caça ilegal de elefantes em Moçambique

Nádia Issufo15 de setembro de 2014

Caçadores ilegais foram detidos na Reserva Nacional do Niassa, no norte de Moçambique. A detenção acontece quando o país regista os níveis mais altos em termos de caça ilegal, principalmente de elefantes e rinocerontes.

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Elefante morto por caçadores furtivos na Reserva do Niassa, norte de MoçambiqueFoto: E. Valoi

Na operação, que decorreu no início deste mês de setembro, foram apreendidas 12 peças de marfim, avaliadas em 115 mil euros, entre outro tipo de equipamento. Dados de 2011 indicam que a Reserva tinha 12 mil elefantes. Porém, a Wildlife Conservation Society estima que os caçadores furtivos tenham matado cerca de mil no ano passado e 500 este ano.

A DW África entrevistou o administrador da Reserva Nacional do Niassa, Cornélio Miguel, sobre esta detenção de relevo.

DW África: Em que contexto aconteceu a detenção?

Cornélio Miguel (CM): Estamos a desencadear uma série de operações, principalmente para o combate a caça furtiva ao elefante. Organizamos o nosso pessoal, o corpo de fiscalização e juntou-se a este grupo a Polícia da República de Moçambique (PRM) e também estamos a trabalhar com a Procuradoria. Fomos identificando alguns alvos e dando seguimento que resultou na captura de duas armas, uma viatura de marca Toyota fortuna, 12 pontas de marfim com peso acumulado de 95.5 quilos e outro material.

Das nossas fontes no terreno e dos trabalhos que fizemos resultou esta captura, mas também esta é apenas mais uma operação. Nós estamos a desencadear uma série de outras operações. Para além destas pontas de marfim já recuperamos outras seis que os caçadores ilegais abandonaram no terreno quando a nossa força chegou e também estamos a dar seguimento a este caso.

Mosambik Cornelio Miguel in Reserva Nacional do Niassa
Cornélio Miguel, admnistrador da Reserva Nacional do NiassaFoto: Cornelio Miguel

DW África: Mas esta é a maior operação de captura efetuada na Reserva Nacional do Niassa até agora?

CM: Para o presente ano esta é a maior, já tivemos outras operações nos anos passados onde conseguimos capturar duas ou três armas de uma única vez.

DW África: Em Moçambique há muitas suspeitas em relação à atuação da Polícia no que se refere a detenção de supostos caçadores ilegais e até da sua participação em atos ilegais. Neste contexto que garantias se pode ter de que estes serão mantidos, mesmo detidos e posteriormente levados a tribunal?

CM: Como disse, estamos a trabalhar com a Polícia, a nível provincial e distrital, e também com a Procuradoria. Os detidos, que são dois moçambicanos e os restantes tanzanianos, já foram encaminhados através da Procuradoria Distrital de Mecula para a cadeia de Marrupa. E tudo está a ser trabalhado no sentido de levar os senhores a tribunal em função da lei de conservação da biodiversidade. E como a lei já foi aprovada em junho e já penaliza, ou criminaliza, os crimes de caça furtiva, porque a caça furtiva de elefante dá direito a prisão entre oito a dez anos de prisão, para além da multa, e a multa aplicada neste caso foi de 78 mil dólares, ou seja, 2.345.000 meticais.

Beschlagnahmtes Elfenbein im Niassa-Park
Marfim apreendido numa das operações contra caçadores ilegaisFoto: E. Valoi

DW África: Esta detenção pode ser vista como um bom sinal, no sentido de que pode desencorajar a caça ilegal?

CM: Acreditamos que pode ser um sinal, mas precisamos de trabalhar mais para desencorajar os outros. Pelas medidas que serão tomadas acreditamos que isso vai ajudar a desencorajar a caça ilegal do elefante.

DW África: De lembrar que organizações ambientais dos Estados Unidos da América exigiram, ainda este ano, que o Governo norte-americano embargasse Moçambique por não respeitar as convenções de preservação ambiental. Acha que a detenção também é uma resposta a esta pressão ou faz parte apenas a ações de combate a caça ilegal?

CM: Acredito que faz parte das duas coisas. Nós, como país, estamos preocupados em combater a caça ilegal do elefante e outras espécies e isso acaba coincidindo também, ou dando resposta, aquilo que tem a pressão que o país tem recebido pelo não cumprimento, ou cumprimento inadequado, de algumas convenções, então, junta as duas partes. Nós, como país, estamos preocupados em reduzir estes crimes ambientais e contra espécies de fauna.

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