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Candidato do regime vence eleição presidencial no Madagáscar

Aline Ranaivoson / António Rocha3 de janeiro de 2014

Hery Rajaonarimampianina, apoiado pelo regime cessante, venceu o escrutínio presidencial. Mas a vitória terá ainda de ser confirmada por um tribunal encarregue de analisar as queixas apresentadas pelos adversários.

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Hery Rajaonarimampianina, vencedor da eleição presidencial no MadagáscarFoto: RIJASOLO/AFP/Getty Images

O antigo ministro das Finanças, Hery Rajaonarimampianina, apoiado pelo Presidente de transição, Andry Rajoelina, saiu vitorioso do escrutínio com 53,5% dos votos, segundo os números provisórios da Comissão Eleitoral, divulgados na manhã desta sexta-feira (03.01).

O candidato derrotado, Robinson Jean Louis, apoiado pelo ex-chefe de Estado Marc Ravalomanana, já denunciou o que considera ser "a ocorrência de uma grande fraude", tendo boicotado a cerimónia da divulgação dos resultados.

A participação dos eleitores foi fraca, situando-se pouco acima dos 50 por cento.

Ainda assim, o vencedor mostra-se satisfeito. "Aceitamos estes resultados com muita filosofia e penso que há motivo para estamos muito positivos", disse Rajaonarimampianina. "O povo malgaxe aspira agora a um desenvolvimento do seu país, a uma vida cheia de sabedoria e de esperança."

Robinson Jean Louis
Robinson Jean Louis, o candidato derrotado na segunda volta eleitoralFoto: Alexander Joe/AFP/Getty Images

O seu concorrente, Robinson Jean Louis, não esteve presente na cerimónia. A sua equipa já afirmou que os resultados foram truncados e acusou também a presidente da Comissão Eleitoral, Béatrice Atallah, de parcialidade.

Entretanto, Atallah respondeu às críticas. "Estou tranquila, porque trabalhámos com total transparência. Pode-se trazer todos os especialistas internacionais para verificarem o que aconteceu. Não tenho medo do que foi feito", afirmou Béatrice Atallah.

Observadores internacionais credibilizam o escrutínio

Por seu turno, os observadores internacionais consideram que o processo eleitoral é credível. Os observadores e muitos diplomatas que trabalham no Madagáscar estiveram presentes na cerimónia desta sexta-feira. Entre eles esteve Leonidas Tezapsidis, da União Europeia (UE).

"Enquanto representante da UE que acompanhou financeira e políticamente este processo de transição eleitoral, estou muito contente", afirmou Tezapsidis. "A CENIT [Comissão Eleitoral] fez o seu trabalho e cumpriu os prazos que lhe foram impostos".

20 Jahre Frieden in Mosambik Joaquim Chissano
Joaquim Chissano, ex-Presidente de Moçambique e mediador da SADC para a crise malgaxeFoto: DW/M.Barroso

A SADC, Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, que teve um papel de intermediário entre as diferentes candidaturas malgaxes para permitir a realização desta eleição, lançou um apelo à calma.

"Compete ao Tribunal Eleitoral Especial a última resposta e, portanto, todos devem ficar calmos e serenos", declarou o medidador da SADC para a crise malgaxe, Joaquim Chissano, ex-Presidente de Moçambique.

Os apoiantes do candidato derrotado já apresentaram cerca de 300 queixas ao Tribunal Eleitoral Especial, que a partir de agora tem 15 dias para estudar centenas de documentos, visando proclamar os resultados definitivos dentro de duas semanas.

Fim da crise política com a eleição de um Presidente?

Esta eleição visa pôr fim à crise política malgaxe desencadeada em 2009 pelo derrube do poder de Marc Ravalomanana por Andry Rajoelina.

Madagaskar Wahlen 20.12.2013
A participação dos eleitores foi fraca, pouco acima dos 50%Foto: Reuters

Nos últimos cinco anos, Rajoelina foi presidente de um regime não eleito. Durante este periodo, o Madagáscar constatou a saída em massa dos investidores e, praticamente, a suspensão das ajudas internacionais, algo que provocou uma grave crise económica bem como um empobrecimento geral da população.

Segundo os observadores, o novo Presidente malgaxe terá por missão transmitir novamente confiança aos investidores internacionais, aos turistas e aos doadores por forma a colocar na boa direção uma economia desestabilizada por várias sanções internacionais e que foram impostas à grande ilha do Oceano Índico após o golpe de Estado de 2009.

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