Candidato do regime vence eleição presidencial no Madagáscar
3 de janeiro de 2014O antigo ministro das Finanças, Hery Rajaonarimampianina, apoiado pelo Presidente de transição, Andry Rajoelina, saiu vitorioso do escrutínio com 53,5% dos votos, segundo os números provisórios da Comissão Eleitoral, divulgados na manhã desta sexta-feira (03.01).
O candidato derrotado, Robinson Jean Louis, apoiado pelo ex-chefe de Estado Marc Ravalomanana, já denunciou o que considera ser "a ocorrência de uma grande fraude", tendo boicotado a cerimónia da divulgação dos resultados.
A participação dos eleitores foi fraca, situando-se pouco acima dos 50 por cento.
Ainda assim, o vencedor mostra-se satisfeito. "Aceitamos estes resultados com muita filosofia e penso que há motivo para estamos muito positivos", disse Rajaonarimampianina. "O povo malgaxe aspira agora a um desenvolvimento do seu país, a uma vida cheia de sabedoria e de esperança."
O seu concorrente, Robinson Jean Louis, não esteve presente na cerimónia. A sua equipa já afirmou que os resultados foram truncados e acusou também a presidente da Comissão Eleitoral, Béatrice Atallah, de parcialidade.
Entretanto, Atallah respondeu às críticas. "Estou tranquila, porque trabalhámos com total transparência. Pode-se trazer todos os especialistas internacionais para verificarem o que aconteceu. Não tenho medo do que foi feito", afirmou Béatrice Atallah.
Observadores internacionais credibilizam o escrutínio
Por seu turno, os observadores internacionais consideram que o processo eleitoral é credível. Os observadores e muitos diplomatas que trabalham no Madagáscar estiveram presentes na cerimónia desta sexta-feira. Entre eles esteve Leonidas Tezapsidis, da União Europeia (UE).
"Enquanto representante da UE que acompanhou financeira e políticamente este processo de transição eleitoral, estou muito contente", afirmou Tezapsidis. "A CENIT [Comissão Eleitoral] fez o seu trabalho e cumpriu os prazos que lhe foram impostos".
A SADC, Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, que teve um papel de intermediário entre as diferentes candidaturas malgaxes para permitir a realização desta eleição, lançou um apelo à calma.
"Compete ao Tribunal Eleitoral Especial a última resposta e, portanto, todos devem ficar calmos e serenos", declarou o medidador da SADC para a crise malgaxe, Joaquim Chissano, ex-Presidente de Moçambique.
Os apoiantes do candidato derrotado já apresentaram cerca de 300 queixas ao Tribunal Eleitoral Especial, que a partir de agora tem 15 dias para estudar centenas de documentos, visando proclamar os resultados definitivos dentro de duas semanas.
Fim da crise política com a eleição de um Presidente?
Esta eleição visa pôr fim à crise política malgaxe desencadeada em 2009 pelo derrube do poder de Marc Ravalomanana por Andry Rajoelina.
Nos últimos cinco anos, Rajoelina foi presidente de um regime não eleito. Durante este periodo, o Madagáscar constatou a saída em massa dos investidores e, praticamente, a suspensão das ajudas internacionais, algo que provocou uma grave crise económica bem como um empobrecimento geral da população.
Segundo os observadores, o novo Presidente malgaxe terá por missão transmitir novamente confiança aos investidores internacionais, aos turistas e aos doadores por forma a colocar na boa direção uma economia desestabilizada por várias sanções internacionais e que foram impostas à grande ilha do Oceano Índico após o golpe de Estado de 2009.