Eleições na Guiné-Bissau "são passo para a estabilização"
18 de maio de 2023A sociedade civil guineense está a preparar-se para as eleições legislativas de 4 de junho. Ao todo, 200 monitores deverão acompanhar o antes, durante e depois da votação.
O vice-presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil para a Paz, Democracia e Desenvolvimento, Mamadú Queita, lembra que estas eleições são um "passo importante" para a estabilização da Guiné-Bissau, que está há um ano sem Parlamento. É também por isso que a sociedade civil pede uma campanha eleitoral tranquila, sem provocações, embora já comecem a surgir as primeiras queixas.
Em entrevista à DW, Mamadú Queita fala sobre os preparativos para as eleições, mas lembra que "um simples ato eleitoral não resolve o problema global do país".
DW África: Como é que a sociedade civil está a preparar o dia 4 de junho?
Mamadú Queita (MQ): Vamos reunir o secretariado para reunir as condições para a formação de monitores e também aprovar certos regulamentos que vão permitir que as organizações da sociedade civil possam, efetivamente, trabalhar para que o processo eleitoral decorra de forma prevista na legislação e no cumprimento dos compromissos que os partidos assumiram com a sociedade civil.
DW África: O que é que espera destas eleições?
MQ: Esperamos que o processo de campanha eleitoral decorra de forma pacífica, sem qualquer violência, e que reine um clima de tranquilidade a nível da comunidade e do setor político.
DW África: O líder do PAIGC denunciou restrições a uma ação de campanha em Bissau, disse que houve tentativas de bloquear a caravana eleitoral da plataforma Aliança Inclusiva e disse também que isto é uma provocação, uma tentativa de provocar o povo para a violência. Como é que reage a estas palavras?
MQ: Apelamos a todos os líderes políticos e candidatos a deputados no sentido de respeitarem o código de conduta e ética eleitoral, sobretudo as leis que norteiam a realização das eleições, para que decorram sem qualquer violência, sem qualquer intimidação, sem impedimento à caça ao voto.
DW África: Mas há alguma preocupação em relação a estas eleições, no sentido de não haver essa tranquilidade de que falava?
MQ: Para a sociedade civil, até este momento, reina um clima de tranquilidade. Esperamos que se mantenha até ao final do processo eleitoral. É normal haver sempre essas pequenas quesílias entre os atores políticos, mas, no fim, vão sentar numa única mesa e ultrapassar todos os diferendos que possam existir no processo eleitoral. Estamos convictos de que os políticos guineenses vão saber levar a bom porto esse processo.
DW África: Gueri Gomes, do Fórum da Sociedade Civil da África Ocidental na Guiné-Bissau, dizia que a maioria dos guineenses não acha que estas eleições possam resolver os seus problemas. Como é que olha para esta campanha? Será que depois de um período de tanta instabilidade e depois dum ano sem Parlamento, estas eleições trarão mesmo a mudança?
MQ: Um simples ato eleitoral não resolve o problema global que o país tem enfrentado ao longo de variadíssimos anos. É um processo. Não só as eleições, mas também a criação de condições básicas para que quem ganhe as eleições possa governar, respeitando os compromissos eleitorais e também os adversários políticos e, sobretudo, dar primazia ao interesse do povo. Julgamos que a realização das eleições vai criar as condições para o normal funcionamento dos órgãos de soberania. A realização das eleições no dia 4 de junho é um passo para a estabilização do país.
DW África: E esse processo eleitoral está no bom caminho?
MQ: Está no bom caminho.