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Etiópia: Quem é o supeito da tentativa do golpe de Estado?

António Cascais | Mohamed Negash
25 de junho de 2019

O Governo da Etiópia garantiu que está em curso uma operação para identificar e deter os responsáveis do que classifica de tentativa de golpe Estado ocorrido no sábado (22.06.) à noite.

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General Asamnew Tsige, principal suspeito de ter liderado uma tentativa de golpe de Estado na EtiópiaFoto: DW/A. Mekonnen

Altas figuras do país foram mortas à tiro, disse à DW a porta-voz do Governo, Billene Seyoum Woldeyes. Mas tranquliza: "A situação está sob controle. Desde ontem tem havido um esforço constante para rastrear e deter os responsáveis. A maioria já foi identificada e detida."

Desde sábado (22.06.) a internet foi cortada no país e a imprensa estatal tem sido a principal fonte de informação. O cérebro dos ataques, o general Asaminew Tsige, foi morto a tiro pelas forças de segurança do estado de Amhara, perto de Bahir Dar, a capital do estado onde, no sábado (22.06.), o governador, Ambachew Mekonnen, e um assessor seu, Azeze Wasse, também foram assassinados.

O procurador-geral regional, Migbaru Kebede, que ficou ferido no ataque, acabou por morrer esta segunda-feira (24.06.).

A cerca de 300 km a sul, na capital etíope, Adis Abeba, acontecia simultaneamente outro ataque: o chefe do Estado-Maior do Exército, o general Seare Mekonnen, era assassinado em casa pelo seu guarda-costas, juntamente com o general na reforma Gezai Abera.

Etiópia: Quem é o supeito da tentativa do golpe de Estado?

Principal suspeito é um amnistiado

Uma ação concertada que levou o gabinete do primeiro-ministro, Abiy Ahmed, a falar numa tentativa falhada de golpe de Estado orquestrada pelo general Asaminew, um militar libertado numa amnistia declarada por Abiy Ahmed, quando chegou ao poder, em 2018, ainda segundo a porta-voz do Governo.

De forma categorica, Billene Woldeyes afirma que "o general Asamnew Tsige realmente orquestrou o golpe contra o governo regional de Amhara e ele é o principal suspeito de ter liderado a tentativa do golpe."

Três dias depois, ainda não se sabe o que está por detrás dos ataques de sábado (22.06.). A Etiópia foi abalada pela tensão regional e política. Desde que chegou ao poder, há pouco mais de um ano, o primeiro-ministro Abiy Ahmed reprimiu funcionários militares de alto escalão supostamente envolvidos em corrupção, tortura e outros crimes.

Revolta dos radicais?

Äthiopien TV Ansprache Premier Abiy Ahmed nach Putschversuch
Abiy Ahmed, primeiro-ministro da EtiópiaFoto: AFP/Ethiopian TV

Mas as disputas internas no Exército parecem não ser a principal razão para a considerada tentativa de golpe, disse Annette Weber, pesquisadora do Instituto para Assuntos Internacionais e de Segurança com sede em Berlim, Alemanha: "Esta tentativa de golpe mostrou que há diferentes tendências dentro do exército. É claro que Abiy não fez muitos amigos demitindo os funcionários, mas essas pessoas aparentemente não são as pessoas que orquestraram esse ataque."

Annette Weber sublinha: "O que estamos a ver é que essas vozes mais radicais, que antes eram suprimidas, estão agora à frente [desses atos]".

País de 102,5 milhões de habitantes e 80 etnias, sendo os Amhara o maior grupo étnico (26,9%), a Etiópia tem sofrido nos últimos anos um aumento da tensão inter-étnica, que se reflete no aumento substancial de deslocados de 2017 para 2018, de acordo com o relatório global do Centro de Monitorização de Deslocamento Interno, com sede em Genebra, Suiça.