Guiné-Bissau: Morreu Serifo Nhamadjo
17 de março de 2020Serifo Nhamadjo assumiu a liderança no período de transição na Guiné-Bissau, na sequência de um golpe de Estado, protagonizado por militares. Antes, desempenhou as funções de primeiro vice-presidente do Parlamento guineense.
Nhamadjo concorreu para as eleições presidenciais, tendo alcançado 15,75% dos votos na primeira volta, um processo eleitoral que viria a ser interrompido pelos militares. A 12 de Abril de 2012, próximo do início da campanha eleitoral visando a segunda volta das eleições presidenciais, os militares tomaram o poder. A operação seguiu-se ao conflito militar em 2010 e a um golpe de Estado falhado em 2011.
Na altura, foi designado Presidente da República de transição, e embora tenha dito ter recusado devido a ilegalidade da nomeação
Mas em abril de 2012 o seu próprio partido, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), chegou a acusá-lo de “traição” e de “irresponsabilidade” por estar a negociar o fim da crise política com os golpistas à revelia do partido. Por isso, o partido retirou mesmo a confiança política a Serifo Nhamadjo.
Dedo acusador contra Jomav
O político se assumia como amante da paz, justiça e estabilidade. Em maio de 2019 Serifo Nhamadjo criticava o Presidente José Mário Vaz pela instabilidade governativa da Guiné-Bissau nos últimos anos. Segundo Nhamadjo, Jomav deveria ter convidado o partido que ganhou as eleições a apresentar o candidato ao primeiro-ministro, mas não o fez alegando falta de confiança.
Nhamadjo era formado em contabilidade e análises em Portugal. Foi um assumido amante do futebol, particularmente do Benfica, tendo chegado a ser presidente da casa daquele clube de Bissau. Foi ainda fundador e primeiro presidente do Clube Desportivo de Mansaba, no interior norte da Guiné-Bissau.