Idosos queixam-se de falta de apoio em Inhambane
1 de outubro de 2017Celebra-se este domingo (01.10) o Dia Internacional da Pessoa da Terceira Idade. Contudo, na provincia de Inhambane, no sul de Moçambique, os idosos queixam-se da falta de apoio. O governo diz que a assistência prestada é apenas a um número insignificante de idosos, devido a restrições financeiras.
Segundo Carlo Muinga, delegado do Instituto Nacional de Ação Social (INAS), disse em entrevista à DW África que nem todos os idosos se beneficiam dos apoios fornecidos pelo governo central. Apenas 8.900 idosos estão integrados ao programa de subsídio alimentar básico e 1.750 idosos têm assistência pontual directa.
"Sabemos que este número que estamos a apoiar não chega a metade dos idosos que temos na província, por isso damos apoio de acordo com a nossa disponibilidade financeira dentro das nossas condições. A demanda é maior, mas o apoio dado é pouco. Entretanto, o pouco que damos ajuda a suprimir as necessidades básicas e também desperta as famílias que abandonaram estes idosos”, explica.
Florida Manuel é uma idosa no distrito de Morrumbene. Ela recebe todo mês 300 meticais do governo para sobreviver. Ela diz que a quantia quase não chega para comprar uma cesta básica que suporta um período de 30 dias. Florida tem feito uma gestão muito apertada, comprando apenas produtos de necessidade básica.
"Já que o dinheiro não chega, eu quando recebo este dinheiro vou logo comprar sal, açúcar, sabão e um pouco de arroz. Pedimos ao governo que aumente o dinheiro para conseguirmos comprar mais alimento”, diz.
Ernesto José Waene, de 80 anos, um dos beneficiários do INAS, diz que o dinheiro só é para comprar produtos básicos que são consumidos em apenas uma semana. "Acredite que o dinheiro não ajuda em nada porque é muito pouco", lamenta.
Exclusão
Pedro Mungulu, de 72 anos, natural do distrito de Homoine em Inhambane, reclama não estar a beneficiar dos programas de apoio à pessoa da terceira idade fornecidos pelo governo de Moçambique e não sabe os motivos de sua exclusão.
"No bairro onde vivo já vieram há mais de 2 anos me escrever alegando que teria apoio multiforme mas até hoje nada me beneficio e não sei os motivos da minha exclusão. Estou a precisar deste apoio porque não tenho ninguém para me ajudar. Sozinho, tenho que desarrascar alimento no meu dia-a-dia”, conta.
Acácio Nhamona, representante da Associação dos Aposentados de Moçambique na província de Inhambane, atua juntos aos idosos para apoiar esta classe em conflitos, divulgar a lei da protecção à pessoa idosa e monitorar o subsidio social básico.
"Todos idosos reclamam que o apoio do governo não chega, muitos idosos ficaram sem casa durante o ciclone Dineo, em fevereiro último, mas o governo não fez nada. Os idosos não reportam casos de maus tratos e de acusações a feitiçaria protagonizados pelos seus familiares com medo de mais represálias. Temos recebido alguns apoios materiais da Helpage Internacional, mas muito pouco. Dos idosos, ainda continuam a ser cobrados custos hospitalares e de transporte público enquanto que a lei diz que estão isentos”, explica.
A lei 03/2014 prevê a promoção e proteção à pessoa da terceira idade, mas poucos idosos sabem da sua existência, já que a lei não está a ser divulgada com mais precisão nas comunidades devido à falta de fundos para fotocópias de brochuras.
A DW África tentou sem sucesso ouvir a versão da diretora provincial da ação social em Inhambane, que participa do X Congresso da Frelimo, em Maputo.