INGC diz-se preparado para enfrentar intempéries
11 de novembro de 2019Nesta época chuvosa, que iniciou em outubro e se prolonga até março, Moçambique poderá enfrentar inundações urbanas, cheias, secas, vendavais e ciclones, segundo a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia.
As intempéries poderão afetar mais de 1,6 milhões de pessoas, sobretudo no centro e sul do país.
O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) quer evitar a ocorrência de mortes como aconteceu em março com os ciclones Idai e Kenneth, que ceifaram a vida de mais de 600 pessoas. Por isso, já traçou vários planos. Um deles é a melhoria da gestão de informação a partir do nível central até às comunidades que estão nas zonas de risco.
"Temos um mecanismo de fluxo de informação e partilha de ações a serem desencadeadas a cada um dos níveis. Ao nível central, onde são emitidos os alertas, a informação irá para as províncias, distritos e localidades", afirma Paulo Tomás, porta-voz do INGC, em entrevista à DW África.
Tomás garante que as populações das referidas zonas já têm informação suficiente para se prevenir das intempéries.
Trabalho coordenado para evitar regresso às zonas de risco
Outro plano do INGC, que é aliás a grande preocupação, é a retirada da população que reiteradamente volta às zonas de risco, no inverno. Esta operação acarreta muito dinheiro e, para evitar gastos e o retorno dos populares, o INGC está a fazer um trabalho de sensibilização da população, em coordenação com as autoridades administrativas locais.
"Acreditamos que é um desafio multisetorial", afirma Tomás.
Ordenamento territorial como solução
A Direção Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos também reconhece a dificuldade em lidar com a população, que regressa às zonas de risco. Mas Messias Macie, diretor da instituição, diz que a solução está no ordenamento territorial e não só.
Macie destaca igualmente o trabalho coordenado entre as instituições para "garantir que, uma vez as pessoas retiradas dos locais de risco, elas não voltem para essas mesmas zonas".
A Direção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos já identificou as 17 bacias hidrográficas propensas à ocorrência de cheias. A mais problemática é a do Licungo, na província da Zambézia. Nesta região, a entidade aponta a gestão de informação como uma forma de evitar males maiores.
"Usamos os principais meios de comunicação social, as redes sociais e os comités de risco de desastres naturais. Usamos ainda as rádios comunitárias, que são veículos que estão muito próximos das comunidades", frisa Messias Macie.