Correspondente da DW África é agredido por grevistas
19 de setembro de 2017O corresponde da DW África está bem, mas exige o seu equipamento de volta e quer ser ressarcido pelo danos morais causados. Conversamos com ele.
DW África: Luciano, conta-nos como tudo aconteceu.
Luciano da Conceição (LC): Tudo aconteceu na sexta-feira (15.09.) quando recebi uma chamada a informarem-me que havia greve no Instituto de Saúde na Maxixe e que começava às catorze. Cheguei às quinze, os estudantes estavam fora [do edifício] e disseram que a greve deveria contar com a participação dos pais?? para evitar o encerramento de dois cursos clinícos. A uns dez metros do recinto, quando entrava, os estudantes vieram ao meu encontro e arrancaram a minha bolsa e a máquina fotográfica. E quando pego no telemóvel para ligar para a polícia [eles atacaram-me] e quem me socorreu foi a direção da instituto que me levou para a secretaria. Lá contei o que me tinha acontecido, que tinha perdido algumas coisas. Eles foram recuperar as coisas nas mãos dos estudantes.
DW África: Eles agrediram-te?
LC: Agrediram-me, sim.
DW África: E disseram porque é que te agrediram?
LC: Disseram que não queriam a presença de jornalistas naquele instituto porque eles queriam fazer justiça junto do diretor [do instituto], porque este não lhes queria contar a verdade. E naquele dia o diretor tinha prometido um encontro, convocou os estudantes para um encontro às oito da manhã, mas até às quinze ele não apareceu. Então, toda a fúria que deveria ser direcionada contra o diretor descarregaram contra a imprensa, por considerarem esta como um entrave. E também agrediram o correspondente do semanário Dossier e Factos antes de mim. Encontrei-o já na secretaria.
DW África: Tiveste atendimento médico?
LC: Sim, tive, porque consegui sair de lá com um outro número de telemóvel e entrei em contacto com o administrador da Maxixe, que por sua vez mandou o comandante da polícia com alguns elementos que me vieram socorrer. Levaram-me de lá para o comando para participar o caso, porque a direção da escola negou indicar os estudantes que me agrediram ou quem tinha levado o equipamento.
DW África: E participaste o caso a Polícia?
LC: Sim. No hospital tive atendimento médico e depois disso levaram-me a polícia. Participei o caso. E esta manhã [19.09.] a Procuradoria ligou-me e notificou-me para apresentar o advogado dentro de cinco dias para ver se podemos dar seguimento ao caso. Mas neste momento já estou a trabalhar com o MISA (Instituto de Comunicação Social da África Austral).
DW África: E estão identificadas as pessoas que te agrediram?
LC: Conheço pessoalmente essas pessoas que me fizeram isso, mas como estava no meio de muita gente, mais de cem pessoas, tinha de ser a direção da escola a entregá-las a Polícia. E como não foi possível, a direção da escola tentou defendê-las para que não fossem entregues a Polícia. E a Polícia aconselhou-me a apresentar o caso para que o diretor do instituto identifique esses alunos junto da administração da justiça.
DW África: Como te sentes e o que pretendes fazer em relação a este caso, fora a queixa que apresentaste?
LC: Quero recuperar alguns bens que perdi lá, o telefone que usei para contactar a polícia me foi arrancado e ainda não me devolveram. E os danos morais que me causaram diante da família, porque a minha família ficou muito preocupada e triste.