Moçambique: LAM em queda livre
11 de abril de 2017Nesta segunda-feira (10.04) a LAM, Linhas Aéreas de Moçambique, emitiu um comunicado a informar que está a operar apenas com três aviões. A empresa, que só têm sete aparelhos, está com o seu maior avião fora de circulação devido a uma avaria. A situação afeta dezenas de passageiros que viram os seus voos cancelados ou reprogramados. Este é mais um golpe contra os passageiros que já têm queixas sem fim na sua lista de reclamações contra a companhia.
Alves Gomes é especialista em aviação civil e acredita que "devido a problemas financeiros gerados por má gestão, a LAM está numa situação muito difícil de obter equipamento de reposição para as suas aeronaves, estou a falar de sobressalentes. E isso faz com que várias aeronaves não possam voar porque não estão em condições operacionais de o fazer."
Também se sabe que a LAM planeava comprar novos aparelhos, mas a crise financeira e económica que o país atravessa deixou o plano apenas no nível da intenção. No final das contas, a LAM está a oferecer um produto aos clientes quando dá sinais evidentes que não tem capacidades para o fazer.
Financiamento do Estado ou gestão privada?
Sobre uma possível solução para a companhia aérea nacional Gomes diz: "É uma situação bastante grave, não sei como se vai resolver de imediato. Penso que o Ministério das Finanças terá de encontrar alguma fórmula para desembolsar o dinheiro para que a LAM possa comprar material de reposição."
No começo de 2017, a segunda maior força da oposição, o MDM, pediu no Parlamento esclarecimentos ao Governo sobre a saúde financeira e a capacidade de funcionamento da LAM. O Governo garantiu que estava tudo sob controlo, mas para o MDM está cada vez mais claro que a situação não é exatamente assim como o Governo quer fazer parecer.
Lutero Simango é chefe da bancada do partido e defende que "é muito urgente que a LAM vá para hasta pública para vender as suas ações ao setor privado, esta pode ser uma via. A outra via, sendo a LAM uma empresa pública é importante que o Instituto de Gestão de Participações do Estado, o IGEPE, aprove uma estratégia de tal maneira que entregue a gestão da LAM a um privado para permitir que a empresa possa adquirir novas aeronaves e para que possa competir no mercado nacional e regional."
Corruptores seguem impunes
De lembrar que um caso de corrupção abalou a empresa em 2016 e até hoje o Gabinete Central de Combate à Corrupção não apresentou um desfecho. O fabricante brasileiro Embraer terá pago 741 mil euros a gestores da LAM e a um intermediário, também moçambicano, pela venda de duas aeronaves em 2009.
Lutero Simango sublinha que "o grande problema em Moçambique é que vivemos uma corrupção generalizada em que ninguém é punido, ninguém é julgado e condenado. Nós sabemos o que aconteceu no processo de aquisição dos dois aviões Embraer no Brasil, foi subfaturação. E os acusados até hoje estão por aqui na cidade a passear a sua classe, não são chamados, não são julgados e nem são condenados."