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Narcotráfrico na Guiné-Bissau preocupa comunidade internacional

26 de outubro de 2011

Yuri Fedotov, diretor executivo da UNODC, agência da ONU para o combate às drogas, está na Guiné-Bissau na quinta-feira, 27/10, para reafirmar o compromisso da organização na luta contra o narcotráfico e o crime.

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O Presidente Malam Bacai Sanha receberá o diretor executivo da UNODC, Yuri Fedotov, na quinta-feira, 26/10Foto: DW

Yuri Fedotov deve visitar as novas instalações da Unidade de Combate ao Crime Transnacional, em Guiné Bissau, projeto criado em novembro de 2010 pela ONU, em parceria com a polícia internacional, INTERPOL, as polícias de Guiné-Bissau, Serra Leoa e Libéria, com a finalidade de trocar informações sobre as atividades ilegais nesses países.

Manuel de Almeida Pereira, conselheiro jurídico e coordenador de projetos da UNODC na Guiné-Bissau, acredita que esta união pode fazer a diferença: “Acima de tudo, eu penso que temos que dar uma palavra de entusiasmo e de confiança, senão não estaríamos aqui. No governo, algumas pessoas têm bastante vontade de mudar, de combater esse flagelo”, diz Almeida Pereira, realçando as muitas atividades encetadas e os compromissos assinados nesse sentido.

O Governo tem medo do poder militar

Mas apesar de todos os esforços, os indícios que apontam para o envolvimento de líderes militares como Ibraíma Papa Camará, chefe do Estado-Maior da Força Aérea, e José Américo Bubo Na Tchuto, Chefe de Estado Maior da Armada, no narcotráfico, representam uma grande barreira para a solução do problema. Numa lista divulgada em abril do ano passado pelo governo norte-americano, os dois são designados como “barões do narcotráfico”.

Para Manuel de Almeida Pereira, os membros do governo da Guiné-Bissau têm medo de enfrentar essas autoridades militares: “Não é fácil para a comunidade internacional nem para o governo de Guiné-Bissau, que sempre viu com algum temor qualquer reação contra essas chefias. Não existe ainda uma verdadeira sujeição do poder militar ao poder político, como deveria ser num Estado democrático”.

Ameaças de morte

Em maio deste ano, a chefe da polícia judiciária de Guiné-Bissau, Lucianda Barbosa Ahucarié, pediu a demissão. Segundo ela, as ameaças de morte por traficantes e cúmplices locais, impediam seu trabalho. Mas as dificuldades não param por aí. Faltam equipamentos básicos nas instituições públicas, relata Manuel de Almeida Pereira.

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A droga é um flagelo universal e a Guiné Bissau tornou-se numa das principais plataformas giratórias do narcotráficoFoto: Fotolia/VRD

Por exemplo, a UNODC reabilitou duas prisões com computadores e geradores de energia. Mas o governo da Guiné-Bissau não tem dinheiro para comprar o combustível: “Então esses locais ficam às escuras. O mesmo acontece nos tribunais que receberam doações de computadores e impressoras que não estão sendo utilizados por falta de energia elétrica. O estado da Guiné-Bissau tem que criar uma política de sustentabilidade. Não pode ficar dependente da ajuda internacional”.

Autora: Sansara Buriti

Edição: Cristina Krippahl/António Rocha

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