Novo ataque rebelde mata 13 civis na RDC
30 de novembro de 2019"É exatamente o que acabámos de viver e ver. Os corpos foram transportados para o hospital de Boikene, perto da cidade de Beni. Alguns corpos ainda estavam a sangrar quando os primeiros socorros chegaram ao local", confirmou este sábado (30.11), em declarações à agência espanhola EFE, um ativista local, identificado como Angelus Kavuthirwaki.
O ataque aconteceu na sexta-feira (29.11) à tarde em Maleki, na província do Kivu Norte, e ocorreu três dias depois de outro ataque na mesma localidade, também atribuído às ADF, que matou outros 14 civis.
Em declarações via telefone, Angelus Kavuthirwaki precisou que as vítimas civis do ataque de sexta-feira (29.11) - oito mulheres, duas crianças e três homens - estão na morgue do hospital de Boikene, que está atualmente sob a proteção das forças da Missão da ONU na República Democrática do Congo (MONUSCO) e de unidades policiais congolesas.
Entretanto, este sábado (30.11), em Beni, populares lincharam um homem e uma mulher que, segundo eles, pertenceiam à milícia da ADF. Os dois alegados membros foram mortos por um grupo de cidadãos que aguardavam entre a multidão a chegada de um comboio militar da MONUSCO. Os dois membros neutralizados carregavam mochilas com munições, escreve a AFP.
Aumento do número de ataques
Os ataques do grupo rebelde ADF contra civis têm-se multiplicado nas últimas semanas. Desde o passado dia 30 de outubro, cerca de uma centena de civis já morreram em ataques atribuídos às ADF, segundo dados da MONUSCO.
Os ataques das ADF têm surgido em reação à ofensiva lançada pelo exército congolês contra estas forças rebeldes, manobras que têm causado protestos por parte da população local devido à falta de segurança.
As ADF iniciaram a sua campanha de violência em 1996 no oeste do Uganda, país que faz fronteira com a RDC, como uma resposta política ao regime do presidente ugandês, Yoweri Museveni.
A pressão militar do regime ugandês forçou a deslocação do grupo rebelde para a fronteira com a RDC, onde tem levado a cabo várias ações, nomeadamente pilhagens, na província do Kivu Norte.
Reino Unido desaconselha viagens
O Governo do Reino Unido emitiu na sexta-feira (29.11) um boletim em que desaconselhou a realização de viagens ao extremo-norte e a toda a região leste da RDC.Num comunicado divulgado no portal do Governo, são desaconselhadas "todas as viagens às províncias de Kasai, Kasai Central, Kasai Oriental, Alto Uele, Alto Lomami, Ituri, Kivu-Norte (exceto a cidade de Goma), Kivu-Sul (exceto cidade de Bukavu), Maniema e Taganyika", no leste da RDC".
As recomendações e alertas estão contidos num comunicado do Departamento de Estrangeiros e da Comunidade Britânica. No documento, as autoridades britânicas alertam para a possibilidade de concentrações públicas e manifestações que "podem ser convocadas com pouco ou nenhum aviso prévio", acrescentando que estas "rapidamente se podem tornar violentas na RDC".
A missiva aponta que a situação de segurança na RDC "continua instável", citando que "a contínua presença de grupos armados, operações militares contra estes, a violência comunitária e o fluxo de refugiados de países vizinhos" contribui para "a deterioração da situação política, humanitária e de segurança".
OMS também suspendeu resposta ao surto de ébola
Na quinta-feira (28.11), a Organização Mundial de Saúde (OMS) informou que suspendeu as operações na cidade congolesa de Biakato após dois ataques a centros de prevenção do ébola na região.
O ataque ao campo de prevenção e resposta, em Biakato, na sequência do qual um membro da equipa de vacinação e dois motoristas morreram, fez com que muitos dos funcionários da OMS e outras agências a trabalhar na zona, num total de cerca de 200 pessoas, fossem retirados de Biakato, disse então o diretor da organização para emergências na área da saúde, Michael Ryan.
Os ataques são, segundo a OMS, os piores sofridos este ano pelas unidades sanitárias, dependentes desta e de outras organizações internacionais no combate ao surto de ébola naquela zona, onde este ano ocorreram centenas de incidentes deste tipo, que causaram sete mortos e 77 feridos, recordou Ryan.
O atual surto de ébola, que abala a RDC desde agosto de 2018, já causou 2.199 mortes e infetou 3.304 pessoas, é o segundo pior desde que a doença foi conhecida, superado apenas pela epidemia que atingiu a África Ocidental entre 2014 e 2016.