"Paz efetiva" é prioridade de Nyusi como líder da FRELIMO
30 de março de 2015O Comité Central da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) elegeu este domingo (29.03) Filipe Nyusi como presidente do partido, mantendo, assim, a tradição daquela formação política de ter como chefe de Estado o líder do partido.
A eleição seguiu-se à renúncia ao cargo de Armando Guebuza, numa declaração que, segundo o porta-voz do encontro, Damião José, apanhou de surpresa os membros do Comité Central.
A DW África apurou que, apesar de não constar da agenda do encontro, o ponto relativo à sucessão na liderança do partido tinha sido levantada durante os trabalhos por alguns participantes, gerando um debate inconclusivo.
Alguns membros defendiam a renúncia de Guebuza para permitir que o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, pudesse assumir a direcção do partido a quem estatutariamente os militantes devem prestar contas das suas atividades governativas.
"Busca da paz efetiva"
No seu primeiro discurso como líder da FRELIMO, Filipe Nyusi apelou a um trabalho conjunto para se conseguir uma paz efectiva e duradoura.
"Só com a paz iremos desenvolver Moçambique", sublinhou, agradecendo pela "confiança e disponibilidade" demonstrada pelos membros do Comité Central.
"Tudo faremos em conjunto para que este partido continue avante e triunfante", sublinhou, defendendo ainda que os esforços do partido devem continuar direccionados para a busca da paz efetiva e duradoura".
Filipe Nyusi assegurou ainda que vai "encorajar o diálogo em curso com os diversos setores e segmentos da sociedade para que Moçambique continue a ser admirado como uma nação pacífica, em crescimento e um destino seguro de investimento".
Reações positivas
O analista Amorim Bila considera que a eleição de Nyusi tem um impacto positivo "do ponto de vista da unificação de esforços, da coesão de que Filipe Nyusi fala desde que tomou posse". Defende ainda que, em geral, "o impacto vai ser positivo na medida em que o Presidente poderá organizar a nível interno o partido que dirige o Governo".
José Pacheco, chefe da delegação do Governo no diálogo político com a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição, espera "a consolidação da unidade nacional, paz duradoura e muito trabalho para todos os moçambicanos".
Para Óscar Monteiro, um dos históricos da FRELIMO, "agora já não há nenhum obstáculo" para repensar "o país e a governação como deve ser", a começar pelas estruturas do partido, uma nova ética, uma nova filosofia, uma luta sem limites contra a corrupção, uma credibilização do Estado e uma dedicação deste à causa dos pobres".
A antiga primeira-ministra Luísa Diogo descreve Filipe Nyusi como alguém que "segue muito o princípio da inclusão" e que defende que "as boas ideias não têm cor partidária".
"É uma pessoa que "valoriza as opiniões dos moçambicanos e que escolheu como temas principais para a sua governação temas extremamente importantes que dizem respeito à vida e aos problemas que os moçambicanos têm", lembra Luísa Diogo.