Quatro países africanos na lista de conflitos mais letais
10 de maio de 2017A África Subsaariana é a região que regista os conflitos armados mais letais no continente africano, de acordo com o relatório anual divulgado terça-feira (09.05) pelo Instituto de Estudos Estratégicos (IISS), organização com sede em Londres.
Ainda assim, o número de mortes na região diminuiu de 24 mil, em 2015, para 14 mil em 2016. Segundo a editora Anastasia Voronkova, parte desta redução deve-se ao combate do grupo extremista Boko Haram pelo Exército da Nigéria.
No entanto, segundo a investigadora, são necessários mais esforços para combater o Boko Haram, que continua "bastante forte e capaz de realizar ataques noturnos, ataques suicidas isolados, que continuam a ser registados na bacia do lago Chade e em alguns territórios na Nigéria".
Recentemente, o Exército nigeriano reconquistou áreas no nordeste do país que antes eram dominadas pelo Boko Haram. A população está a regressar a essas áreas.
Porém, o risco permanece, afirma Voronkova. "Apesar de as forças de segurança terem expulsado o grupo de várias áreas, também tiveram dificuldade em manter os ganhos de 2015", lembra.
Problemas de governação
A contínua debilidade do Estado e a falta de legitimidade das instituições estatais são apontadas pela pesquisa como os principais motivos para que os conflitos armados continuem a assolar a população em África.
Segundo Anastasia Voronkova, os problemas de governação também prejudicam a atividade dos atores internacionais nesses países, como as missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Estamos a ver uma presença muito fraca das instituições do Estado na Somália, na República Centro-Africana, na República Democrática do Congo e, em grande medida, no Sul do Sudão, e é muito difícil para os atores internacionais fazerem algo substancial na ausência de legitimidade do Estado para a população local", diz.
Das 16 missões da ONU designadas para a manutenção da paz em diferentes nações do mundo, nove estão em África, onde enfrentam problemas como o aumento de grupo armados e falta de apoio da população local.