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RDC: Principais opositores fora da corrida presidencial

António Cascais | AFP | Lusa | tms
29 de agosto de 2018

Todos os seis candidatos que foram impedidos de concorrer às presidenciais de dezembro recorreram ao Tribunal Constitucional da República Democrática do Congo.

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Apoiantes de Jean-Pierre BembaFoto: Getty Images/AFP/J.D. Kannah

A decisão de banir seis dos 25 candidatos que se registaram para concorrer à Presidência em dezembro foi anunciada pela comissão eleitoral na sexta-feira passada (24.08). Jean-Pierre Bemba, rival do Presidente Joseph Kabila, foi um dos que contestou a decisão da comissão eleitoral.

Jean-Pierre Bemba regressou à República Democrática do Congo (RDC) a 1 de agosto para apresentar a sua candidatura após ser absolvido pelo Tribunal Penal Internacional de acusações de crimes de guerra. Mas, segundo a comissão eleitoral, a candidatura de Bemba foi rejeitada por o opositor ter sido condenado em março pelo Tribunal Penal Internacional, em Haia, por corromper testemunhas.

Para além da candidatura de Bemba, também as dos antigos primeiros-ministros Samy Badibanga, Adolphe Muzito, Antoine Gizenga, Jean-Paul Moka e a da única candidata do sexo feminino, Marie-Josée Ifoku, ficaram de fora.

DR Kongo Joseph Kabila
Presidente congolês, Joseph KabilaFoto: Getty Images/AFP/J.D. Kannah

A culpa é de Kabila?

A analista Gesine Ames, da Rede Ecuménica para a África Central, em Berlim, aponta para uma possível interferência do Presidente Joseph Kabila para a rejeição das candidaturas da oposição: "Com a comissão eleitoral, Kabila tem claramente o poder de eliminar os seus principais oponentes. O caso de Bemba ainda não está decidido pelo Tribunal Constitucional, mas este tribunal também é muito próximo ao Presidente. É, portanto, muito improvável que o Tribunal Constitucional o autorize como candidato", afirma.

Sonvil Mukendi, porta-voz da plataforma de oposição "Juntos pela Mudança" ("Ensemble pour le Changement"), também alerta para a influência do Presidente da República na comissão eleitoral. Segundo Mukendi, o responsável deste órgão eleitoral, Corneille Nangaa, "joga o jogo dos governantes, ou seja, o jogo de Joseph Kabila."

"A exclusão da candidatura de Bemba já era previsível. Os apoiantes do Presidente já haviam preparado tudo. Kabila não tem permissão para concorrer novamente. Então, tudo é feito para bloquear o caminho do seu oponente para que o seu sucessor, que não tem qualquer mandato presidencial, vença as eleições", diz Mukendi.

RDC: Principais opositores fora da corrida presidencial

Nos bastidores

No início de agosto, Kabila, que continua no poder mesmo após o término do seu segundo mandato em 2016, anunciou que não se iria recandidatar. O Presidente decidiu apoiar o seu ex-ministro do Interior, Emmanuel Ramazani Shadary.

Gesine Ames, da Rede Ecuménica para a África Central, suspeita, no entanto, que Kabila continue provavelmente a ditar as regras na política depois de deixar a Presidência, escolhendo alguém da sua confiança.

"A indicação de Emmanuel Ramazani Shadary certamente favorecerá Joseph Kabila", afirma. "Até agora, Shadary não disse uma palavra crítica sobre o Presidente. Durante o seu mandato como ministro do Interior, não temia a violência quando se tratava de confrontos com forças de segurança em redutos da oposição."

O Tribunal Constitucional da RDC vai agora deliberar sobre os recursos apresentados pela oposição. A comissão eleitoral deverá publicar uma lista final de candidatos até 19 de setembro, três meses antes da votação marcada para 23 de dezembro.

Enquanto isso, a agitação cresce no país e a situação permanece tensa. Os partidos da oposição pediram que a população se "mobilizasse" e, ao mesmo tempo, pensam já em apresentar apenas um único candidato conjunto às eleições.