Residentes fogem de confrontos no sul de Moçambique
14 de abril de 2015Enquanto o Governo e a RENAMO permanecem num longo braço de ferro devido a questões governativas, a população do distrito de Guijá, na província de Gaza, vê a sua vida destabilizada.
Os confrontos entre os homens do maior partido da oposição, que ali se fixaram, e o exército governamental levaram várias pessoas a refugiarem-se em locais mais seguros, sendo a África do Sul um dos destinos de eleição. Algumas escolas estão desertas e houve moradores que começaram até a vender os seus bens, receando um possível saque, segundo testemunhas ouvidas pela DW África.
Na aldeia de Passane, a rotina quotidiana foi interrompida. As escolas estão vazias há mais de uma semana. "Várias pessoas fugiram. Os professores foram os primeiros e por isso as crianças não vão à escola", conta um dos residentes, Anselmo Mabunda. Porém, no posto administrativo de Nalazi, os professores continuaram a dar aulas. "Os funcionários do Governo não podem fugir e incitar a fuga", declara Vasco Mauai, um morador.
Os homens da RENAMO estão em Nhambondze, perto destes povoados. Mas, embora os guerrilheiros mantenham uma relação pacífica com a população, esta tem bastante receio: "Eles são muitos, estão armados", diz Mabunda.
Vasco Mauai corrobora: "A população está com medo de uma guerra civil e está a fugir, mas na verdade não há guerra. As pessoas vêem os soldados da RENAMO e ficam com medo."
Soldados da RENAMO dirigem-se para reduto da FRELIMO
Uma comissão de inquérito da Equipa Militar de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM) deslocou-se ao distrito de Guijá para investigar os confrontos que tiveram lugar há cerca de duas semanas entre os homens da RENAMO e o exército nacional.
De acordo com a lei moçambicana, nenhum partido político pode estar armado, mas a RENAMO é uma excepção, justificando que estes homens são a guarda do presidente do partido, Afonso Dhlakama. Entretanto, os guerrilheiros dirigiram-se mais para sul, para o reduto do partido no poder, a FRELIMO, ato inédito na recente crise política.
"Os soldados estão-se a movimentar na zona da República de Moçambique, de onde são nacionais", justifica António Muchanga, porta-voz da RENAMO. "Eles fazem parte do comando da região sul e estão na sua zona da jurisdição. Vão para onde, se tudo isto é Moçambique? Vão sair de lá para onde acharem que podem ter melhores condições logísticas até que chegue o momento da sua reintegração nas Forcas de Defesa e Segurança e da sua desmobilização. Esta lei não funciona. Eles estão à espera da materialização do acordo de 5 de setembro, eles são comandados por esse acordo."