Seca ameaça ajuda a refugiados sul-sudaneses
2 de maio de 2017A seca e problemas de financiamento das agências humanitárias dificultam a ajuda aos sul-sudaneses no Quénia. Entre eles está Manuela Nyoka, de 17 anos. A refugiada do Sudão do Sul não fazia ideia do que a esperava no país vizinho. Mas sonhava em frequentar a escola no Quénia.
A jovem considera que a educação é a chave para que meninas como ela façam a diferença. "As mulheres são melhores. Elas só precisam de paz", sublinha Manuela, que é de Torit, no sudeste do Sudão do Sul.
O pai da jovem, que era polícia, morreu durante os violentos combates na capital, Juba, em julho passado. Manuela recorda o medo da guerra e as noites em que teve de se esconder.
Também se lembra da subida do preço da comida e da fome. Por isso, Manuela Nyoka e as suas três irmãs juntaram-se aos milhares de sul-sudaneses que fugiram para o Quénia.
Campos sobrelotados
Quando Manuela e as irmãs chegaram a Kakuma, o segundo maior campo de refugiados no Quénia, dirigido pela Organização das Nações Unidas (ONU), descobriram que o espaço já estava superlotado. Vivem aqui cerca de 180 mil refugiados, maioritariamente do Sudão do Sul e da Somália.
Por isso, quem chega agora tem de dormir do lado de fora do abrigo e no chão. Perantes as dificuldades, o otimismo de Manuela começa a desaparecer. "O lugar não é bom. Não há comida. Sinto medo, porque não podemos fazer nada", conta.
Manuela e as irmãs devem mudar-se para um novo abrigo, nas proximidades de Kalobeyei, onde já foi construída uma escola. O plano é que o espaço seja compartilhado por moradores e refugiados, para facilitar a integração entre os dois grupos, mas por falta de financiamento o projeto piloto está parado. Ainda assim, Manuela espera viver lá com as suas irmãs.
Mas a educação e a habitação não são as únicas preocupações de Manuela Nyoka. Se a seca atual no norte do Quénia continuar, a jovem e as irmãs terão de enfrentar o mesmo problema no país vizinho.
A seca prolongada já afeta cerca de três milhões de quenianos, que precisam de ajuda alimentar urgente. O Governo diz estar a preparar medidas de emergência, mas não avança quais são.