São-tomenses na diáspora vão às urnas por mais participação
7 de julho de 2021O novo inquilino do Palácio Cor-de-Rosa deverá ser escolhido a partir do domingo (18.07). Equipas da Comissão Eleitoral Nacional de São Tomé e Príncipe (CEN) estão em Portugal - onde há uma expressiva comunidade são-tomense - a preparar a viabilização da votação. Cerca de 7.300 eleitores inscritos nos cadernos eleitorais participarão nestas presidenciais para a escolha do sucessor de Evaristo de Carvalho.
A campanha eleitoral decorre até o próximo dia 16. Georgina dos Anjos, com 28 anos de residência em Portugal, nunca se interessou por política, mas o número de candidatos que concorrem para estas presidenciais chamou a sua atenção: "Porque sendo um país tão pequeno [concorrem] 19 candidatos?"
Sem revelar qual a sua escolha, a são-tomense vota nestas eleições pela primeira vez. "Destes 19 candidatos espero que haja algum que faça alguma coisa pelo país", diz. A eleitora admite que também possa votar nas próximas eleições legislativas, tal confere a emenda introduzida à lei eleitoral.
"É necessário que todos os cidadãos votem. Vão poder fazer escolhas, porque não havia essa oportunidade para os cidadãos que estão fora do país", explica.
Reivindicação antiga
Depois de um novo recenseamento no início do próximo ano para a atualização dos cadernos eleitorais, os são-tomenses na diáspora votarão pela primeira vez nas eleições legislativas de 2022. É a oportunidade que terão para eleger um deputado como seu interlocutor.
A Associação da Comunidade Santomense em Portugal (ACOSP) reivindicava o direito de voto da diáspora há muito tempo.
"Veio em bom tempo, a revisão da Lei Eleitoral. Possivelmente, tudo aponta para que no ano de 2022 nós tenhamos as eleições legislativas e a diáspora terá, pela primeira vez, a oportunidade também de escolher os seus deputados à Assembleia Nacional", espera António Cádio, presidente da ACOSP.
Para Cádio, ter deputados da diáspora no Parlamento significa ter uma voz que defenderá as exigências dos santomenses espalhados pelo mundo.
Mais empenho do Governo
No caso concreto de Portugal, a comunidade pede mais empenho nas relações bilaterais para uma melhor integração e inclusão na sociedade portuguesa.
"Estamos a falar sobretudo de questões voltadas para os trabalhadores, relativas à segurança social. É uma batalha das associações. Devo dizer-lhe que desde 2004 que foi assinada uma convenção que a parte santomense [ainda] não ratificou", explica
Segundo o dirigente da ACOSP, um deputado para a diáspora será o "porta-voz ideal" para tratar destas questões estruturantes. Inclusive, acrescenta António Cádio, será também "uma voz de pressão para ajudar o Governo a definir melhor a sua política para a imigração, que pode constituir-se num dos fatores de desenvolvimento nacional".
Quanto às eleições presidentes do dia 18, Cádio diz ser também "um momento oportuno" para o exercício pleno da cidadania.