Ucrânia: Alemanha reabre embaixada em Kiev
10 de maio de 2022A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, anunciou esta terça-feira (10.05) a reabertura da embaixada alemã em Kiev, que por enquanto vai contar com uma equipa reduzida.
Falando durante uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, em Kiev, Baerbock afirmou que a representação diplomática alemã entra em funcionamento ainda esta terça na capital da Ucrânia.
As operações foram encerradas em meados de fevereiro, em antecipação da guerra. As operações foram transferidas para o oeste da Ucrânia e para Berlim.
Dependência do gás russo
Durante a conferência de imprensa, Annalena Baerbock assegurou que a Alemanha está em vias de reduzir a sua dependência da energia russa "a zero - para sempre".
Baerbock disse que não poderia haver um terreno comum com a Rússia, um "agressor" que não respeita regras e comete crimes de guerra. "É por isso que estamos a reduzir rigorosamente a nossa dependência da energia da Rússia a zero – para sempre", disse.
Segundo a chefe da diplomacia alemã, embora as tropas russas se tivessem retirado de Kiev, a guerra ainda não chegou ao fim. "Um míssil [russo] pode atacar praticamente qualquer parte deste país", disse Annalena Baerbock.
Apoio aos ucranianos
A ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha também demonstrou apoio a Kiev. Baerbock afirmou que a Ucrânia poderia tornar-se um membro da União Europeia em breve, mas que não poderia haver "atalhos", apesar de estar confiante de que o país receberia "um estatuto de candidato claro".
No que toca o apoio militar à Ucrânia, Annalena Baerbock disse que uma formação começaria dentro de poucos dias para familiarizar os soldados ucranianos com os blindados que a Alemanha vai entregar à Ucrânia em cooperação com os Países Baixos.
Visita à zona devastada
A ministra alemã realiza a visita à Ucrânia na companhia do seu homólogo neerlandês, Wopke Hoekstra. Ambos visitaram os arredores de Kiev, onde os ucranianos acusam os russos de terem massacrado civis durante a ocupação desta região em março.
A ministra alemã começou a sua visita surpresa em Bucha, cidade onde foram descobertos centenas de cadáveres espalhados e muitos com as mãos atadas, e conversou com moradores desta localidade do noroeste da capital ucraniana, enquanto Wopke Hoekstra publicou, na rede social Twitter, imagens suas na cidade de Irpin, onde a Ucrânia acusa os russos de um massacre, referindo ter ido àquele país "para reuniões com o Governo ucraniano e com a sua homóloga Annalena Baerbock".
Na sua visita a Bucha, a ministra alemã prometeu que a comunidade internacional irá responsabilizar os que provocaram a morte de civis na cidade durante a guerra da Rússia e disse que "os piores crimes imagináveis" foram ali cometidos.
A ministra alemã estava acompanhada pela procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova, que tem supervisionado a recolha de informações sobre alegações de violação, tortura e outros crimes de guerra suspeitos pelas forças russas.
"Responsabilizar perpetradores"
No Twitter, Baerbock afirmou: "Iremos recolher provas como comunidade internacional. Prometi o apoio total da Alemanha na investigação dos crimes de guerra à procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova: politicamente, financeiramente e em termos de pessoal".
"Devemos às vítimas não apenas homenageá-las aqui, mas responsabilizar os perpetradores" dos crimes, defendeu Baerbock, primeiro membro do Governo alemão a ir à Ucrânia desde que a invasão russa começou, no final de fevereiro.
A viagem aconteceu dias depois de Berlim e Kiev deixarem de lado uma discussão diplomática sobre a relutância da Ucrânia em convidar o Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeir, para ir ao país por causa das suas relações anteriores com a Rússia.
O ministro dos Países Baixos deverá reunir-se, ao final do dia, com o seu homólogo ucraniano, Dmytro Kuleba, e depois com o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, segundo um porta-voz do ministério neerlandês. Durante a sua visita, o ministro também deverá reabrir "oficialmente" a embaixada dos Países Baixos em Kiev, disse a mesma fonte.
O número de pessoas deslocadas internamente na Ucrânia devido à guerra iniciada pela Rússia, a 24 de fevereiro, ultrapassou a marca de 8 milhões, mais 24% do que os valores publicados anteriormente, anunciou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A estimativa da organização, feita com base numa pesquisa realizada entre 17 de abril e 3 de maio, adianta que a maior necessidade referida pelos deslocados é apoio financeiro.