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Cabo Verde: Uma em cada quatro famílias sem casa de banho

Lusa | mjp
19 de novembro de 2017

Quase 28 mil famílias cabo-verdianas vivem em casas sem instalações sanitárias, revelam estatísticas oficiais divulgadas a propósito do Dia Mundial da Casa de Banho, que se assinala este domingo (19.11).

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Straßen in Praia, Hauptstadt von Kap Verde
Foto: DW/N. dos Santos

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INECV), em 2016, 80,1% dos agregados familiares tinham sanitas ou retretes no alojamento, enquanto 19,9% ou cerca de 27.996 agregados familiares não dispunham de instalações sanitárias. 

Destes, 12,3% localizam-se no meio urbano e 36,3% no meio rural, sendo que as famílias chefiadas por mulheres têm menos acesso a instalações sanitárias do que as chefiadas por homens (20,2% e 19,2%, respetivamente). 

Os dados revelam também que 53,6% das sanitas ou retretes estão ligadas a fossas séticas e 26,3% à rede pública de esgoto, havendo ainda 7,1% de famílias que declararam partilhar as instalações sanitárias com outra família.

Existem grandes disparidades entre concelhos, com, por exemplo, o Sal a registar cerca de 92,2% dos agregados com acesso a instalações sanitárias, enquanto em Santa Cruz, na ilha de Santiago, somente 52,4% das famílias têm sanita em casa. 

Landwirtschaft auf Cap Verde
Ilha de SantiagoFoto: DW/N. dos Santos

Apesar de 79,8% das famílias terem acesso a um sistema de evacuação das águas residuais, somente 43,1% declarou usar estes dispositivos para evacuar águas sujas do banho, da limpeza, da lavagem de roupa, preferindo despejar essas águas em redor das casas (48,9%), sendo esta prática mais acentuada no meio urbano (87,3%), revelam ainda os dados.

Sensibilização

O Dia Mundial da Casa de Banho assinala-se este ano sob o tema "Saneamento e Águas Residuais", visando sensibilizar para a necessidade de reduzir as águas residuais não tratadas e de aumentar a sua reciclagem e reutilização seguras. 

Para sensibilizar para a importância do saneamento e do tratamento adequado das águas residuais e dos excrementos, a Agência Nacional de Água e Saneamento (ANAS) de Cabo Verde promove uma séria de atividades educativas destinadas ao público escolar e às comunidades dos 22 concelhos do país.

A ideia é, segundo a ANAS, "chamar a atenção para a dignidade e segurança das pessoas que ainda não dispõem de casa de banho e para a necessidade de haver maior financiamento destinado à construção de casas de banho, sobretudo para as famílias mais vulneráveis e escolas". 

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Ação de sensibilização de voluntários da Cruz Vermelha no Dia Mundial da Casa de Banho em 2010, em Sidney, na AustráliaFoto: picture-alliance/dpa

Passeios de alerta para observar, identificar, discutir e propor soluções para a defecação ao ar livre, teatro educativo e exposição de fotografias sobre o tema, são algumas das atividades a serem realizadas em alguns municípios do país.

O Dia Mundial da Casa de Banho assinala-se desde 2001 em vários países do mundo e foi oficialmente reconhecido pelas Nações Unidas em 2013 para destacar importância de saneamento adequado e defender o direito ao saneamento como condição para erradicar a pobreza. 

Em todo o mundo, 4,5 mil milhões de pessoas vivem sem acesso a uma casa de banho.

Um estudo da ONU, divulgado em junho passado, revela que a população global atual é de 7,6 mil milhões de habitantes e deve subir para 8,6 mil milhões em 2030.