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A bola vai rolar de novo

Marcio Weichert24 de janeiro de 2003

Campeonato Alemão recomeça quase como terminou o primeiro turno. Favoritismo do Bayern de Munique não mudou. Times contratam poucos reforços. Dois jogadores brasileiros se vão, um chega. Trio de arbitragem vira quarteto.

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Últimos retoques nos estádios para a reta final da BundesligaFoto: AP

Entre os 18 treinadores da primeira divisão, reina quase unanimidade. Doze estão certos de que o Bayern de Munique conquistará em maio seu 18º título da Bundesliga. "Somente eles podem parar a si mesmos", afirma Frank Neubarth, do Schalke, lembrando que o líder possui vantagem de seis pontos sobre o Borussia Dortmund e o Werder Bremen. Além do mais, o Bayern não tem mais o desgaste da disputa da Liga dos Campeões e pode se concentrar na briga do Campeonato Alemão.

Apenas Benno Möhlmann não leva fé no recordista de títulos do país. "Eu aposto no Borussia Dortmund", diz categório o técnico do Arminia Bielefeld. Outros dois consideram o Bayern favorito, mas não descartam as chances do atual campeão. Três treinadores esquivaram-se de apontar os candidatos. Entre eles, Matthias Sammer, do Dormund: "Já mostramos na última temporada ser possível tirar a vantagem do líder. Mas, ao contrário do Bayern, ainda temos a sobrecarga da Liga dos Campeões. Entretanto, isto pode ser uma vantagem. Depende dos resultados", pondera o mais jovem treinador campeão alemão.

Suspense no alto e no fim da tabela

Presidente do clube bávaro, Franz Beckenbauer respalda Sammer. "Não haverá uma marcha triunfal do Bayern, pois a concorrência é forte demais. É claro que o Dortmund é o maior concorrente, apesar da sobrecarga da Liga dos Campeões. Ela não precisa ser uma desvantagem, como nossa experiência mostra. Nos campeonatos internacionais, pode-se buscar motivação para a Bundesliga", avalia o Kaiser do futebol alemão.

Se vantagem de seis pontos é irrecuperável, então o campeão alemão de 1998 pode se preparar para a segunda divisão. O Kaiserslautern está na penúltima colocação e sua diferença para o primeiro posto fora da zona de rebaixamento é exatamente igual a que o Bayern de Munique sustenta sobre os vice-líderes. Ao todo, meia dúzia de clubes luta diretamente contra o perigo de jogar na segundona na próxima temporada, inclusive o Bayer Leverkusen.

Depois de um primeiro turno morno, a torcida espera jogos mais empolgantes. Como de hábito, o primeiro semestre após a Copa do Mundo de 2002 registrou alta queda de produção. As principais estrelas da Bundesliga mostraram cansaço físico e mental e não renderam em campo.

Reforço oriental

Os torcedores verão poucas caras novas nos gramados. Iniciada há quase um ano com a falência do Grupo Kirch, que detinha os direitos de transmissão da Bundesliga, a crise financeira intimidou os clubes na busca de reforços. Se no inverno retrasado eles ainda haviam investido 45 milhões de euros em novos jogadores no recesso de inverno e 25 milhões no passado, desta vez a soma não chegará a 10 milhões.

Em seu esforço em conseguir uma vaga na Copa da Uefa, o Wolfsburg foi o que mais abriu o cofre. Gastou 1,9 milhão para contratar dois Pablos: o guineano Thiam (ex-Bayern de Munique) e o argentino Quatrocchi (ex-Estudiantes de La Plata). Também ganhou as manchetes as investidas do 1860 Munique e do Hamburgo no oriente. O time da capital bávara trouxe o meio-campista Jiayi Shao, estrela do futebol chinês, enquanto o clube do norte buscou o atacante Naohiro Takahara, eleito "jogador do ano" no Japão.

Brasileiros, velhas estrelas e o quarto juiz

O número de brasileiros no returno diminuirá a princípio para 28. Lanterna do campeonato, o Energie Cottbus rescindiu o contrato do atacante Brasília (ex-Central de Caruaru e Pogon da Polônia) e aposentou Franklin (ex-Fluminense e Bragantino), que entretanto continuará no clube do leste alemão como técnico dos juvenis. Ameaçado também está o meio-campo Ratinho, colocado à disposição pelo Kaiserslautern – o período para transferências termina no dia 31. A novidade brasileira na Bundesliga será o zagueiro Vinícius, contratado por empréstimo pelo Hannover 96 ao Ituano de São Paulo.

Nos próximos meses, o público poderá também matar as saudades de dois jogadores da Seleção Alemã que, lesionados, não atuam desde antes da Copa do Mundo. Ex-Hertha Berlim, o armador Deisler fará finalmente sua estréia com a camisa do Bayern de Munique e o capitão Novotny em breve voltará a fazer dupla com Lúcio na zaga do Bayer Leverkusen.

E já que os clubes não investiram tanto em reforços, a arbitragem o fez. A partir da 18ª rodada, que reabre o Campeonato Alemão neste sábado, todas as partidas passam a ter um quarto juiz. Já adotado com sucesso em vários países, o novo auxiliar ficará encarregado de controlar técnicos e jogadores reservas, para que os bandeirinhas possam se concentrar mais no que rola dentro de campo.