Alemanha: empenho exemplar para a redução do efeito estufa
3 de abril de 2004Alemanha, Áustria, Dinamarca, Irlanda e Finlândia foram os únicos países da União Européia que apresentaram seus planos sobre o comércio de emissões de gás carbônico, principal causador do efeito estufa, dentro do prazo estipulado pela Comissão Européia (31/03).
O comércio de emissões, que regula a distribuição de certificados ou cotas entre fábricas, usinas e instalações industriais, será introduzido na UE em 1º de janeiro de 2005. Até lá, a Comissão terá que analisar o plano de cada país-membro para averiguar se eles atendem os limites de poluição estipulados. A meta da UE é reduzir em 8% as emissões de CO2 até 2012, tomando por base os valores registrados em 1990.
O objetivo da Alemanha é ainda mais ousado. O governo pretende reduzir em 21% as emissões de gás carbônico dentro do território. No momento, a redução já atinge a marca de quase 19%, a maior entre os países industrializados. Dentro da União Européia, é o país que mais tem se destacado na proteção ambiental no tocante à poluição.
O mesmo, entretanto, não se pode afirmar da maioria dos países da UE. Sem qualquer tipo de punição para quem não cumprisse o prazo de entrega do plano de alocação, muitos membros da UE simplesmente prorrogaram a entrega de seus documentos.
Sem pressa
Grã-Bretanha, até então também considerada país exemplar na questão das emissões, anunciou que seus planos só devem ser enviados a Bruxelas no final de abril. Outros importantes países por seu tamanho, como Espanha, França e Itália, também não parecem ter pressa em entregar seus dados.
Os governos da Itália e Grécia, por exemplo, nem sequer elaboraram até agora qualquer projeto de comércio de emissões para ser discutido em esfera nacional. Embora também não tenha nenhum plano alinhavado, o futuro governo socialista espanhol de José Rodrigues Zapatero frisou que pretende apoiar o Protocolo de Kyoto.
Um dos principais entraves que os governos da Europa enfrentam é a pressão do setor industrial. Para a maioria dos empresários, reduzir os níveis de emissão implica em custos e investimentos, o que freia o desenvolvimento. Encontrar uma solução que atenda aos interesses econômicos e às metas ambientais a serem atingidas não é tarefa fácil, como mostrou o recente debate na Alemanha.
Nadando contra a maré
Apesar de todas as dificuldades, o governo alemão conseguiu estabelecer um plano um dia antes do prazo estipulado pela UE: até 2007 as indústrias poderão emitir no máximo 503 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Até 2012 o limite será de 495 milhões de toneladas de CO2.
O esforço da Alemanha é exemplar e supera em muito o empenho da maioria dos países, inclusive fora da UE. Os EUA, que deveriam reduzir em 7% suas emissões de gás carbônico, aumentaram em 12% a produção de CO2 desde 1990. A Austrália e Canadá foram além e já registram um aumento de 15%.
A China e a Índia também não estão preocupadas em contribuir para a redução do efeito estufa. Tal quadro revela que a Alemanha e alguns poucos países parecem estar nadando contra a maré.