América Latina merece mais atenção, diz empresário alemão
20 de maio de 2005"A Alemanha não deve se descuidar da América do Sul", advertiu Ludwig Georg Braun, presidente da Confederação das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), durante a Conferência Latino-Americana da Indústria Alemã, que terminou nesta sexta- feira (20/05), em Cartagena, na Colômbia.
Em entrevista ao jornal Die Welt, Braun disse que "a orientação das empresas alemãs para os novos países-membros da União Européia e China não permite, até agora, dar atenção suficiente para a América Latina, uma região tradicionalmente vinculada à economia alemã. Mas há setores em que os investimentos diretos alemães aumentaram nos últimos anos. Considerando ainda os reinvestimentos, a Alemanha ocupa o terceiro lugar, atrás da Espanha e dos Estados Unidos, em investimentos diretos na região".
Braun também disse que o empresariado alemão continua fazendo pressão para que seja concluído o acordo de livre comércio UE-Mercosul. "Para os empresários dos dois lados do Atlântico é difícil entender por que ainda não se chegou a um acordo, uma vez que há consenso em 90% dos pontos", afirmou. "A UE precisa liberalizar o mercado de produtos agrícolas, mas, por outro lado, os governos do Mercosul, principalmente do Brasil, precisam repensar os pontos de atrito relativos à melhora das condições de investimentos e da segurança jurídica do comércio exterior", acrescentou.
Já em função de uma saudável combinação de mercados, a Alemanha não pode se dar ao luxo de desdenhar mais de 400 milhões de consumidores latino-americanos.
Esta advertência soa como uma reivindicação e reflete o descuido com o qual a indústria alemã tem tratado a América Latina na última década e a conseqüente desilusão dos latino-americanos.
"Um fator positivo da América Latina é que ela registra índices de crescimento superiores à média mundial", disse Katarina Steinwachs, presidente executiva da Câmara de Comércio Colômbia-Alemanha, em entrevista à DW-WORLD.
Um sinal de interesse
Com a Conferência Latino-Americana da Indústria Alemã, entidades empresariais como a Associação de Atacadistas e Comércio Exterior (BGA), Federação da Indústria Alemã (BDI), Associação Ibero-Americana (IAV), Associação Alemã de Bancos (BdB), as Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK) e suas representações na América Latina buscam apoiar os esforços latino-americanos em aumentar sua competitividade integral e demonstrar que o subcontinente continua sendo uma das regiões mais atrativas para a Alemanha.
Além de tudo o que ainda há por fazer, o empresariado alemão está convencido de que a América Latina elevou a sua competitividade. Um crescimento econômico de 5,5%, estruturas políticas em geral estáveis e uma imensa necessidade de investimentos nos mais diversos setores abrem numerosas oportunidades de participação empresarial na região.
"A América Latina deve reforçar a sua integração para melhorar sua posição nos blocos comerciais", recomenda Steinwachs.
Mercado de colocação e produção
Como grande mercado fornecedor, a região oferece um amplo espectro de recursos e produtos. Além disso, a América Latina é para a Alemanha um populoso mercado de venda que também oferece grandes vantagens como centro de produção.
A região tem recuperado boa parte do seu potencial macroeconômico, tendo o melhor desempenho desde 1997. "O crescimento econômico da região em 2005 será de cerca 4%", projeta o professor de economia Hartmut Sangmeister, analista alemão especializado em América Latina.
Sangmeister adverte, porém, que os países latino-americanos ainda têm muito o que fazer para reconquistar e melhorar consideravelmente a sua posição nos mercados mundiais, perdida ao longo de várias décadas.
Boa parte dos empresários alemães reunidos em Cartagena também participará do Encontro Econômico Brasil-Alemanha 2005, que acontece de 3 a 5 de julho próximo em Fortaleza (CE).