Banco italiano UniCredito incorpora HVB
13 de junho de 2005
A instituição financeira resultante da fusão terá 120 mil empregados e será a nona maior da Europa, segundo seu valor de mercado. Antes da fusão, o HVB era o segundo maior banco alemão. Já o UniCredito/HVB, com valor de mercado calculado em 41,2 bilhões de euros, supera o número um da Alemanha, o Deutsche Bank.
O sinal verde para a fusão, que deverá ser concluída até outubro, foi dado no último domingo pelo conselho fiscal do HVB, que se reuniu em Munique. Logo em seguida, o conselho fiscal do UniCredito, em Milão, também aprovou o negócio. A decisão foi bem aceita pelo maior acionista do HVB, a resseguradora Münchener Rück.
Para o presidente do UniCredito, Alessandro Profumo, a fusão resulta num banco nem alemão, nem italiano, mas no primeiro banco "verdadeiramente europeu". O ministro das Relações Exteriores da Itália, Gianfranco Fini, saudou a fusão: "Este é um dia muito feliz para a Itália e a Europa". Para o presidente do HVB, Dieter Rampl, "ambos escolhemos o melhor parceiro".
Cortes atingem Leste Europeu e Alemanha
As instituições divulgaram que serão demitidos 9.200 funcionários, a maioria deles em países do Leste Europeu, onde os dois bancos têm forte presença. Mas também a Alemanha será atingida.
Segundo cálculos do Ver.di, o sindicato alemão dos funcionários do setor de prestação de serviços, serão cortados dois mil postos de trabalho. O governo alemão não quis comentar os cortes e afirmou que a fusão é uma transação econômica normal.
O UniCredito se comprometeu a não demitir ninguém pelos próximos três anos. Para o mercado alemão, a garantia é válida por cinco anos. Mas o conselho fiscal da nova instituição pode, teoricamente, derrubar essa garantia. Para isso, é necessário o voto de 19 dos 24 membros do conselho fiscal.
O gigante italiano é um dos bancos mais lucrativos da Europa. Nos últimos anos, várias filiais deficitárias foram fechadas, fazendo com que a lucratividade da empresa italiana superasse a da instituição alemã.
Sistema bancário alemão revela fraquezas
Para especialistas, a incorporação do HVB pelo UniCredito revela fraquezas do sistema bancário alemão. "Nos últimos dez a 20 anos, todo o setor bancário europeu foi liberalizado, com uma exceção: a Alemanha", disse o analista Dieter Hein, da FaiResearch.
Para ele, enquanto em outros países europeus se desenvolveram bancos competitivos, o mesmo não aconteceu na Alemanha. "A única exceção é o Deutsche Bank." A saída seria abrir o mercado e permitir que também bancos estatais tomassem empréstimos privados.
No entanto, a transação envolvendo o HVB não significa que uma onda de incorporações esteja prestes a acontecer na Alemanha, pelo simples fato de que não há mais muitos bancos privados a serem comprados.
Os próximos em uma possível lista seriam o Commerzbank, atual número três no ranking alemão, e o Postbank. Entre os possíveis compradores citados por analistas estão o norte-americano Citigroup, o britânico HSBC, o Banco Real da Escócia e o francês BNP Paribas.