Conselho eleitoral prorroga eleição na Venezuela
7 de dezembro de 2015Apesar de temores em meio à acirrada disputa entre governo e oposição, as eleições legislativas na Venezuela ocorreram sem grandes incidentes. Porém, no final da votação, aumentou a tensão com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) prorrogando por uma hora a votação que deveria ser encerrada às 18h (horário local) deste domingo (06/12). A oposição denunciou a medida.
Após questionar a prorrogação da votação, os ex-presidentes da Bolívia Jorge Quiroga, da Colômbia Andrés Pastrana, do Uruguai Luis Alberto Lacalle, do Panamá Mireya Moscoso, e da Costa Rica Laura Chinchilla e Miguel Ángel Rodríguez, convidados pela aliança da oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD) para monitorar a eleição, tiveram suas credenciais como "acompanhantes políticos" cassadas pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
"Definitivamente as credenciais desses observadores políticos foram revogadas, comunicaremos as autoridades competentes para que se tomem as medidas necessárias", afirmou o presidente do CNE, Tibisay Lucena e acrescentou que as declarações dos ex-presidentes estremecem o clima de tranquilidade que "reinou" durante a eleição.
Os ex-presidentes questionaram a continuação da votação após o horário previsto para o fechamento das urnas e chamaram a situação de "oportunismo" oficial. A legislação venezuelana, no entanto, determina que, enquanto houver eleitores na fila para votar, as urnas devem permanecer abertas.
E justamente a presença de eleitores em muito locais de votação foi o argumento usado pelo CNE para prorrogar o horário de fechamento das urnas.
O ex-presidente boliviano Quiroga criticou a cassação das credenciais e a extensão do horário de votação, afirmando que as medidas são uma "cortina de fumaça" para tentar afastar a oposição e reverter a situação que não "parece favorável" para o governo.
Protesto internacional
A eleição transcorreu sem grandes incidentes e contou com diversos observadores internacionais. "Tudo está transcorrendo em ordem, em paz e de forma maciça em todo o território da Venezuela", afirmou o diretor da missão eleitoral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Leonel Fernández. A equipe irá monitorar a contagem dos votos no Conselho Nacional Eleitoral.
Enquanto na Venezuela o dia foi tranquilo, no Peru dezenas de venezuelanos que moram em Lima foram até a embaixada do país para protestar pelo impedimento de votar. Os manifestantes afirmaram que a proibição seria uma "sabotagem".
Alguns só ficaram sabendo do impedimento quando chegaram à embaixada para votar. O local foi cercado por policiais peruanos, visando evitar a invasão de manifestantes. A lei eleitoral venezuelana não permite o voto de cidadãos que moram no exterior em eleições de circunscrição regional.
Cerca de 20 milhões de venezuelanos foram às urnas neste domingo para eleger os novos parlamentares que vão ocupar as 167 cadeiras da Assembleia Nacional. Desde que a oposição boicotou as eleições em 2005, o governo tem mantido a hegemonia na Casa.
CN/efe/dpa