Egito vive dia de manifestações um ano após a posse de Morsi
30 de junho de 2013Milhares de manifestantes egípcios protestam neste domingo (30/06) no Cairo e em outras cidades do país para pedir a renúncia do presidente Mohammed Morsi. Os protestos acontecem no primeiro aniversário da posse de Morsi e há preocupação de que haja escalada de violência entre os grupos pró e contra Morsi.
Há um sentimento entre opositores e simpatizantes do presidente ligado à Irmandade Muçulmana de que os protestos deste domingo vão representar o “tudo ou nada”. Mesmo assim, os dois lados insistem que não haverá violência nas manifestações. Até o momento ao menos sete pessoas, incluindo um norte-americano, foram mortas nos protestos das últimas semanas, principalmente nas cidades do delta do rio Nilo, como em Alexandria.
Na Praça Tahrir, no centro da capital Cairo, manifestantes carregam bandeiras do Egito e gritam palavras de ordem. Exatamente na Praça Tahrir houve protestos durante a Primavera Árabe para derrubar o ex-presidente Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.
Já do outro lado da cidade, milhares de islamitas manifestam apoio a Morsi próximo ao palácio presidencial de Al Ittihadya, que recebeu também reforço na segurança. Alguns apoiadores do presidente usam armadura corporal caseira e capacetes de construção, além de carregar escudos – precauções, segundo eles, contra uma possível violência dos manifestantes que pedem a saída de Morsi.
Morsi completa um ano no poder
Os protestos demonstram a polarização e a instabilidade que vêm ocorrendo no Egito desde a posse de Morsi, em 30 de junho de 2012, como primeiro presidente egípcio eleito depois da queda de Hosni Mubarak. O líder tem enfrentado um primeiro ano de mandato marcado pela crise e pela escalada de violência em vários protestos pelo país.
Por causa do crescimento do desemprego e da criminalidade, além da elevação dos preços dos alimentos, muitos egípcios não estão contentes com o governo islâmico. Há também a falta de gasolina e o abastecimento energético é insuficiente. Morsi coloca a culpa dos problemas no legado do regime anterior e nos protestos da oposição. Ele advertiu que, para o crescimento econômico, é necessário estabilidade política.
Morsi e seus aliados, inclusive a Irmandade Muçulmana, dizem que as manifestações nas ruas não têm o direito de retirar do poder um líder que ganhou uma eleição legítima, e ele acusa os grupos leais a Mubarak de estarem realizando uma campanha para voltar ao poder. Os apoiadores do presidente argumentam que remanescentes do antigo regime sabotam os planos de Morsi de tentar lidar com os problemas da nação e de implementar reformas.
Por outro lado, críticos do atual presidente – como os egípcios seculares e liberais, muçulmanos moderados e cristãos – culpam Morsi principalmente pelo avanço da islamização na sociedade do país. Eles dizem que os islamitas têm traído seu mandato eleitoral ao tentar monopolizar o poder, infiltrando os seus apoiadores no governo, forçando uma Constituição, que eles escreveram em grande parte, e dando poder aos extremistas religiosos para gerir o país.
Protestos
Mais cedo neste domingo, milhares de opositores do governo egípcio se deslocaram de províncias para a capital Cairo a fim de participar do protesto maciço contra o presidente Morsi. Pela manhã, o portal de notícias Youm7 informou que os organizadores da manifestação na Praça Tahrir colocavam barreiras para impedir o acesso às ruas próximas com barras de metal e sacos de areia.
Por medo de incidentes violentos, muitas pessoas ficaram em suas casas. Milhares de estrangeiros já deixaram o país neste sábado. O Aeroporto do Cairo informou que todos os voos para os Estados Unidos, Europa e Golfo Pérsico estavam lotados. Entre os que deixaram o Egito neste sábado estão funcionários da embaixada norte-americana e seus familiares.
O movimento de protesto Tamarod (rebelião) reuniu mais de 22 milhões de assinaturas de cidadãos pedindo a renúncia de Morsi. A Irmandade Muçulmana, à qual Morsi pertenceu durante muito tempo e a quem deve seu sucesso nas eleições, rechaça a renúncia do atual presidente.
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