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Europa evita críticas à Rússia

(rr)7 de setembro de 2004

Desde a tragédia na Ossétia do Norte, a União Européia vem evitando críticas diretas à política do Cremlin contra o terrorismo. Especialmente Berlim, Paris e Londres escolhem suas palavras a dedo.

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Joschka Fischer (esq.) e seu colega holandês Ben Bot: diplomacia nunca é demaisFoto: dpa

Antes da tragédia na Ossétia do Norte, a situação em Bruxelas era outra. Naqueles dias ainda era possível, por exemplo, que o Comissário de Política Exterior da UE, Chris Patten, classificasse as eleições na Chechênia de "injustas" ou proclamasse frases de efeito como "vamos cuidar para que logo haja eleições reais na região". Desde o trágico final na sexta-feira (3), entretanto, a coisa mudou.

Críticas a Moscou agora são raras, seja quanto à política de Wladimir Putin na Chechênia ou quanto às circunstâncias da operação de resgate na escola em Beslan. A porta-voz da UE, Emma Udwin, chegou a perder a paciência com jornalistas: "Eu não vou fazer nenhum julgamento quanto à maneira que o governo russo encontrou para lidar com o problema. Hoje é o dia em que os russos choram seus mortos. Não é a hora de comentar detalhes, cujos pormenores desconhecemos. É ridículo culpar outras pessoas que não sejam as que planejaram tal seqüestro".

A Comissão Européia também tem se mostrado impaciente com críticas feitas ao governo russo, vindas principalmente da França e da Polônia. "Nós condenamos dura e incondicionalmente toda forma de terrorismo e a culpa não pode ser posta em ninguém a não ser nos idealizadores deste ataque", disse Reijjo Kempiinen, porta-voz de Romano Prodi, presidente da Comissão.

Holanda percebe delicadeza da situação

Já na sexta-feira (03/09), logo após o ocorrido, ficou clara a delicadeza da situação. Em uma coletiva de imprensa, o Ministro holandês das Relações Exteriores, Bernard Brot, comentou a operação a princípio com palavras diplomáticas: "Estamos diante de uma horrível tragédia. Gostaria de expressar minhas sinceras condolências às famílias das vítimas, ao governo e a todo o povo russo".

Entretanto, ao responder a uma jornalista, Bot acabou acrescentando que nenhum julgamento à distância poderia ser feito sobre as circunstâncias da tragédia e que, "para entender melhor o que sucedeu na escola, gostaríamos de obter mais informações do governo russo para que possamos ajudar no combate ao terrorismo", disse Bot.

O Ministro russo das Relações Exteriores, Sergej Lavrov, interpretou o pedido como uma intenção européia de investigar os procedimentos russos e o mal entendido estava armado. As palavras de Bot foram recebidas como um insulto por Moscou, que intimou imediatamente o embaixador holandês.

Europa prefere o silêncio

Especialmente Berlim, Paris e Londres vêm cultivando boas relações com o presidente Putin, de forma a evitar um escândalo diplomático. O Ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, escolheu muito bem as palavras ao pronunciar-se a respeito: "Claro que o conflito na Chechênia só poderá ser resolvido com uma solução política. Sérias infrações aos direitos humanos foram cometidas de ambos os lados e inocentes acabaram pagando com suas vidas".

O silêncio europeu foi, no entanto, quebrado pelo Ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Erkki Tuomioja, que escreveu ao Cremlin que a atuação das instituições russas em Beslan deixou espaço para muitas perguntas. A hora certa para fazer tais perguntas será durante a próxima reunião ministerial na semana que vem em Bruxelas.

Otan marca encontro ministerial

O Conselho da Otan se reunirá hoje (07/09)) em audiência extraordinária para discutir as conseqüências do seqüestro na Ossétia do Norte. Durante o encontro, presidido pelo secretário geral Jaap de Hoop Scheffer, representantes da organização militar expressarão sua solidariedade ao governo russo e a seus esforços na luta contra o terrorismo.