Fatih Akin, o cineasta que conquistou o Urso de Ouro
11 de março de 2004Premiado com o Urso de Ouro no Festival de Berlim 2004, Gegen die Wand (Contra a parede), que entrou em cartaz nos cinemas alemães, é uma comédia triste, uma tragédia engraçada e um melodrama que não é melodramático, definiu o jornal Kölner Stadt-Anzeiger.
Este tipo de comentário sobre a mais recente obra do diretor Fatih Akin não é excepcional. Aliás, o próprio filme reúne elementos dissonantes que são alinhavados no decorrer da narrativa que faz uma incursão por sentimentos, medos, conflitos existenciais e confrontos culturais.
Fatih Akin, 30 anos, sabe conviver bem com mundos antagônicos. Descendente de uma família turca e nascido em Hamburgo, o cineasta desde cedo sofreu influências de culturas distintas. Tal aprendizado contribuiu para que ele pudesse retratar nas telas clichês e emoções estigmatizadas sem ser piegas ou perder o humor.
Uma de suas primeiras obras, o documentário Wir haben vergessen zurückzukehren (Nós esquecemos de voltar), no qual ele também trabalha como ator, conta a história de sua família de uma forma cativante, abordando justamente as diferenças de comportamento. Em uma das cenas, a mãe turca não consegue aceitar que o banheiro da modesta moradia alemã fique no corredor do prédio e não dentro do apartamento.
Carreira bem estruturada
Formado pela Escola Superior de Artes Plásticas de Hamburgo, Akin estreou como diretor e roteirista de curtas-metragens. Desde 1993 trabalha para a produtora Wüste como autor, diretor e ator. Seu primeiro longa, Kurz und Schmerzlos (Rápido e rasteiro), de 1998, ganhou diversos prêmios, entre eles o Adolf Grimme Preis 2000.
O filme Im Juli (Em julho), lançado em 2000, foi sucesso de público e crítica. A obra relata as aventuras e desventuras de um alemão que resolve ir atrás de uma grande paixão na Turquia e acaba se envolvendo com uma hippie, que o acompanha em sua viagem. Solino, de 2002, descreve a vida de uma família de imigrantes italianos dos anos 60 que decide fixar residência na Alemanha. Além dos choques culturais, o filme narra a relação entre irmãos.
Arte para o povo de todas as culturas
Gegen die Wand
, segue a mesma trilha ao apresentar uma turca que quer se libertar das amarras de sua família tradicional e um alemão submerso em conflitos existenciais. "Fazer filmes envolvendo diferentes nacionalidades é, para mim, uma mistura de acaso e necessidade. Eu viajo muito e gosto do contato com outras culturas. Mas meus filmes são filmes alemães. Se observarmos com atenção temos que reconhecer que a Alemanha é um país de imigrantes. Um país moderno e internacional", definiu Akin.Seu jeito simpático e bonachão fazem dele uma figura bastante carismática, acessível, que gosta de investir em coisas novas e simples. Afinal, para ter sucesso não é preciso contar com super produções. Boa parte do elenco de seus filmes é formado por artistas pouco conhecidos, mas de talento.
Seu desejo é alcançar multidões, fazer uma arte realmente popular. "Eu tento ser um cineasta comercial. Quero que o maior número de pessoas assista meus filmes. Eu acredito que é possível ser comercial e ao mesmo tempo ser fiel às idéias e convicções. Isto funciona perfeitamente", garantiu o premiado cineasta Fatih Akin.