Fischer defende a paz no Conselho de Segurança
20 de janeiro de 2003Dentro de uma semana, o chefe dos inspetores da ONU, Hans Blix, apresentará um relatório abrangente sobre a busca de armar de extermínio em massa no Iraque. Para os Estados Unidos, o relatório constitui um ponto final dos trabalhos de inspeção; para os países europeus no Conselho de Segurança, ele é apenas um passo intermediário.
Os ministros das Relações Exteriores dos 15 países-membros do órgão máximo da ONU pretendiam fazer um balanço da luta contra o terrorismo internacional, iniciada depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. A questão, no entanto, passou para o segundo plano, em face de uma iminente intervenção militar dos Estados Unidos no Iraque.
A reunião do Conselho de Segurança foi convocada pela França, país que preside o órgão até o fim de janeiro, quando passa a presidência à Alemanha. O debate sobre a luta antiterror deveria constituir um contraponto para as demonstrações de força dos EUA no Oriente Médio. Por isto, a convocação do debate pela França recebeu imediato apoio do governo de Berlim.
Tema de estréia
Para o ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, o leitmotiv da reunião no Conselho de Segurança constitui também um tema ideal para a sua estréia frente ao órgão. Pois Fischer sempre defendeu que a luta antiterrorismo deve ter prioridade absoluta para a comunidade internacional. Ao contrário de uma intervenção militar no Iraque. O ministro alemão acredita que tal ação militar põe em risco a subsistência da aliança mundial antiterror, da qual fazem parte inúmeros países islâmicos.
Num projeto de resolução, a ser aprovado no fim da reunião desta segunda-feira (20), o Conselho de Segurança apela a todos os países para que intensifiquem a sua luta contra o terrorismo e para que cumpram todos os deveres assumidos quanto a isto, no âmbito da ONU.
O esboço da resolução inclui também passagens sugeridas pela Alemanha: o Conselho de Segurança manifesta-se em prol da solução pacífica dos conflitos; é preciso preservar os direitos humanos também no contexto da luta antiterror; os controles internacionais de armamentos devem ser reforçados.
Paz e estabilidade
Por um dia, a luta contra o terrorismo internacional deveria voltar a ser tema de destaque máximo na agenda do Conselho de Segurança. Mas a questão do Iraque acabou sendo o assunto predominante também nos inúmeros contatos bilaterais entre os ministros de Relações Exteriores.
Pouco antes de chegar a Nova York, Joschka Fischer reafirmou a posição alemã e européia: "Blix deve ter todo o prazo que considerar necessário." Tudo o que for feito para impor o cumprimento da resolução 1441 das Nações Unidas sem o uso de força militar, será uma contribuição para a paz e a estabilidade internacional, afirmou o ministro.
Esta posição alemã também foi comunicada pessoalmente por Joschka Fischer ao Secretário de Estado norte-americano Colin Powell, durante um encontro realizado na manhã desta segunda-feira. As divergências entre Washington e Berlim a respeito do Iraque levaram, nos últimos meses, à pior crise bilateral desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Para Joschka Fischer, a rápida passagem por Nova York será apenas uma estação dentro da sua grande viagem de iniciativa diplomática para tentar impedir uma guerra no Iraque. As próximas estações, já agendadas, são quatro países árabes, onde o chefe da diplomacia alemã deverá encontrar portas abertas e uma recepção entusiástica.