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Crise no Tibete

DW/Agências (ca)27 de março de 2008

Debate sobre boicote aos próximos Jogos Olímpicos na China divide políticos de toda a Europa. Indecisão torna-se estratégia dos que são a favor da não-participação de atletas europeus nas Olimpíadas.

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Dançarinas gregas celebram tocha olímpica: fogo de palha?Foto: AP

Um eventual boicote às Olimpíadas de Pequim foi tema de discussão no Parlamento Europeu, na quarta-feira (26/03). O primeiro a levantar a possibilidade de um boicote foi o deputado do Partido Verde Daniel Cohn-Bendit. Agora é o próprio presidente do Parlamento, Hans-Gert Pöttering, que segue o exemplo de Cohn-Bendit.

Em Bruxelas, aumenta diariamente o número de vozes a favor de um boicote aos Jogos Olímpicos. O Parlamento Europeu convidou o Dalai Lama a relatar sobre a situação na região. Em abril, o Parlamento deverá votar uma resolução sobre a questão do Tibete.

Apoiada pela bancada socialista no Parlamento, a presidência rotativa da Eslovênia da União Européia (EU) rejeitou, até agora, um boicote às Olimpíadas devido ao Tibete. Representantes liberais e do Partido Verde são, no entanto, de outra opinião, pelo menos no tocante à presença européia na festa de abertura.

Possibilidades abertas

China Peking Generalprobe für Olympia 2008 Feier
Políticos pedem boicote à abertura das OlimpíadasFoto: AP

Daniel Cohn-Bendit, chefe dos Verdes no Parlamento Europeu, comparou os Jogos Olímpicos deste ano, em Pequim, às Olimpíadas nazistas de 1936, em Berlim. A Europa tem que enviar um recado claro, afirmou o político Verde.

Diferentemente da ONU, dos Estados Unidos e da Alemanha, os parlamentares europeus pretendem exercer pressão sobre o governo chinês com vistas a uma maior autonomia para o Tibete.

"Todo político responsável deve se perguntar se ele deve participar da festa de abertura, enquanto o governo chinês não se esforçar pelo diálogo e equilíbrio", declarou sob aplausos o presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pöttering.

Como estratégia, os opositores da participação européia nos jogos querem deixar em aberto todas as possibilidades, inclusive a de não-participação de atletas de países europeus nas Olimpíadas.

Desenvolvimento da situação no Tibete

Belgien Tibet China Karma Chophel zu Olympia
Porta-voz tibetano no exílio fala em BruxelasFoto: AP

Também na Alemanha, a participação nos Jogos Olímpicos de Pequim tem provocado prós e contras. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, se posicionou contra um boicote às Olimpíadas. Por outro lado, o presidente do Comitê de Relações Exteriores do Parlamento alemão, Ruprecht Polenz, é da opinião que seria mais inteligente não descartar um boicote, pois "não se conhece o desenvolvimento da situação entre a China e o Tibete", afirmou.

Pelo mesmo motivo, o presidente do Comitê de Esportes do Parlamento em Berlim, Peter Danckert, criticou também a prematura decisão da Federação Alemã de Esportes Olímpicos (DOSB) de não boicotar as Olimpíadas de Pequim.

Somente a partir de janeiro deste ano, o governo alemão conseguiu reatar as boas relações com a China, após o estremecimento das relações devido à visita do Dalai Lama a Angela Merkel, em setembro do ano passado. Merkel declarou que o receberia novamente. No entanto, por não estar na Alemanha, ela não se encontrará com o líder tibetano quando este visitar o país em maio próximo.

Boicote pelo mundo

Apesar de o Comitê Olímpico Internacional e as principais federações esportivos terem se posicionado contra um boicote aos Jogos Olímpicos, o debate sobre a participação nos jogos ainda está em aberto. O diário berlinense Tageszeitung analisou a situação em diversos países.

França: O presidente Nicolas Sarkozy pediu "prudência" ao governo chinês na questão do Tibete. O ministro francês das Relações Exteriores declarou esperar que "as repressões e as prisões acabem". Quanto a um boicote ou não à cerimônia de abertura dos jogos, não se posicionaram nem Sarkozy nem seu primeiro-ministro.

Reino Unido: O premiê britânico Gordon Brown hesitou bastante em receber o Dalai Lama em maio próximo, em Londres. Brown planeja, no entanto, estar presente na abertura dos Jogos Olímpicos. O governo britânico está interessado numa separação do esporte e da política. Afinal de contas, as próximas Olimpíadas serão realizadas no próprio Reino Unido.

Estados Unidos: No tocante às Olimpíadas, o governo americano também procura uma separação entre o esporte e a política. Bush deverá marcar presença nos Jogos Olímpicos de Pequim. Devido à ameaça de retaliações da China, um boicote às Olimpíadas não é possível. Os três candidatos às eleições presidenciais condenam o procedimento do governo chinês no Tibete.

Rússia: Moscou apóia a atuação chinesa no Tibete. O assunto é tratado como secundário pela TV russa. A atitude russa não é nenhuma surpresa. A China apoiara a intervenção russa contra os rebeldes da Tchetchênia. Além disso, a Rússia possui também um pequeno "Tibete" – uma região autônoma budista na fronteira com a Mongólia, anexada pelos soviéticos em 1944.