Irã diz que exigências de Trump para acordo são inaceitáveis
28 de abril de 2018O governo do Irã reafirmou neste sábado (28/04) sua posição inflexível sobre o acordo nuclear iraniano. O ministro do Exterior do país, Mohammad Javad Zarif, descreveu como inaceitáveis as exigências feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para alterar o pacto.
Zarif está em Moscou, onde participou de um encontro com os ministros do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, e da Turquia, Mevlüt Cavusoglu, para discutir a guerra na Síria. Os políticos também aproveitaram a reunião para lançar críticas à atuação de Trump na política internacional.
Em entrevista à agência de notícias iraniana Isna neste sábado, outra autoridade do Ministério do Exterior do país, o diretor-geral Abdolreza Faraji, acrescentou que Teerã ameaça abandonar o acordo nuclear se as negociações "não trouxerem benefícios econômicos ao Irã".
O pacto foi firmado em 2015 entre Irã, EUA, Alemanha, França, China, Reino Unido e Rússia, visando restringir o programa nuclear iraniano em troca do alívio das sanções internacionais ao país.
Trump tem até 12 de maio para decidir o futuro do acordo, assinado por seu antecessor, Barack Obama. Isso porque as sanções são revistas periodicamente. Na vez passada, em 12 de janeiro, o presidente disse que aquela seria a "última vez" que manteria as sanções suspensas.
Mais recentemente, Trump reiterou sua ameaça de descumprir o acordo no próximo dia 12, a menos que seus aliados europeus consertem, até essa data, as "terríveis falhas" presentes no pacto.
Em encontro com o presidente francês, Emmanuel Macron, no início da semana, Trump afirmou que o trato com Teerã possui "bases decadentes". "É um acordo ruim, com uma estrutura ruim, e está desmoronando", criticou o presidente.
Na ocasião, o líder americano ainda usou linguagem forte para acusar Teerã de causar problemas em todo o Oriente Médio. "Não importa aonde você vá no Oriente Médio, o Irã parece estar por trás de todos os lugares onde há problemas", disse.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, já havia deixado claro a postura rígida de seu governo em relação ao acordo. "Enquanto nossos interesses estiverem garantidos, permaneceremos no acordo, estejam os EUA nele ou não", disse ele na quarta-feira. "Mas se nossos benefícios não forem garantidos, não ficaremos no pacto, não importa quais sejam as circunstâncias."
Rohani ainda atacou Trump, acusando-o de não ter "conhecimentos sobre política, leis ou tratados internacionais". "Você é apenas um homem de negócios, um comerciante. Você é um construtor de torres. Como pode julgar questões internacionais?", declarou o presidente.
Esforço europeu
A viagem do presidente francês a Washington, que foi seguida de uma visita da chanceler federal alemã, Angela Merkel, nesta sexta-feira, faz parte do esforço europeu para convencer o presidente americano a permanecer no acordo com o Irã.
Enquanto Trump quer acrescentar cláusulas no acordo para torná-lo mais rígido, muitos de seus aliados na Europa acreditam que tais alterações representariam uma violação legal.
Os europeus temem ainda que a recusa de Trump em renová-lo possa acabar com toda a iniciativa. Eles se preocupam com as consequências devastadoras para a região, mas também com a credibilidade da diplomacia ocidental.
Em seu encontro com Trump, Macron propôs buscar um "novo acordo" além do existente. Merkel acrescentou depois que a Alemanha também acha que é preciso "adicionar mais", uma vez que as cláusulas atuais "não são suficientes para conferir ao Irã um papel baseado na confiança".
Alerta às Coreias
Neste sábado, o Irã ainda lançou um alerta aos líderes da Coreia do Norte e do Sul para que mantenham Trump longe de seus esforços de reconciliação. A declaração vem um dia depois de um encontro histórico entre Kim Jong-un e Moon Jae-in, que acabou com um acordo para a desnuclearizão da península.
"Com a recente experiência do acordo nuclear [iraniano], o governo dos EUA mostrou que não é um ator confiável e que não se vê obrigado a cumprir seus compromissos internacionais, portanto não tem a qualificação necessária para participar dos acordos entre os países", declarou o porta-voz do Ministério do Exterior iraniano, Bahram Ghassemi.
O funcionário acrescentou que o governo iraniano acredita "profundamente que o alívio das tensões na Península Coreana deve continuar sem a intervenção e as possíveis provocações dos EUA".
EK/ap/dpa/efe/rtr
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