Merkel diz que migração é questão vital para UE
28 de junho de 2018A chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou nesta quinta-feira (28/07) que o destino da União Europeia (UE) está associado à habilidade do bloco de enfrentar os desafios impostos pelo fluxo migratório. O tema gera sérios atritos entre os Estados-membros e está no centro de uma crise no governo em Berlim.
"A Europa tem muitos desafios. E os relacionados à imigração podem se tornar uma questão vital para a UE", disse Merkel em discurso ao Bundestag (Parlamento alemão), pouco antes do início da cúpula em Bruxelas onde os líderes europeus discutirão possíveis soluções para o problema.
Em seu pronunciamento, Merkel utilizou um tom emocional, que foge às suas características, chegando a levantar a voz em alguns momentos enquanto tentava angariar o apoio dos setores mais conservadores de sua base.
A chanceler, sob forte pressão política na Alemanha, alertou para o risco de a Europa se desviar de seus próprios valores se tiver de optar apenas pela segurança e por políticas unilaterais na questão dos migrantes.
Ela se defendeu dos críticos que a acusam de congestionar a política europeia com sua decisão, considerada unilateral por muitos, de abrir as fronteiras de seu país. Segundo a chanceler, ao fazê-lo, ela estava respondendo a pedidos de ajuda da Hungria e da Áustria.
Merkel disse que a redução do fluxo migratório exigirá acordos com países africanos, semelhantes ao tratado assinado com a Turquia em 2016 que contribuiu para reduzir o grande número de pessoas que se encaminhavam para a Europa através da Grécia. Para tal, alertou a chanceler, será necessário incluir medidas para garantir maior acesso dessas populações ao trabalho e educação.
"Ou encontramos uma solução para que, na África e além, as pessoas sintam que somos guiados por valores e que defendemos o multilateralismo e não o unilateralismo, ou ninguém acreditará nos nossos valores, que nos tornaram tão fortes", afirmou a chanceler.
Ela destacou o agravamento das tensões entre os países europeus, evidenciadas nas últimas semanas pelas disputas diplomáticas envolvendo embarcações das ONGs que resgatam migrantes no Mediterrâneo, como os navios Aquarius e Lifeline, que passaram dias no mar sem permissão para atracar em países como Itália ou Malta.
Merkel disse ainda que a queda no número de refugiados que chegam à Alemanha pôs fim ao estado de emergência que a levou a abrir as fronteiras da Alemanha a mais de um milhão de refugiados em 2015.
A chanceler, porém, enfrenta forte resistência de seu mais tradicional aliado na base do governo, a União Social Cristã (CSU) da Baviera, que exige que os refugiados registrados em outros países sejam barrados nas fronteiras alemãs.
A CSU pede que medidas concretas sejam adotadas na cúpula da UE em Bruxelas, caso contrário, o ministro do Interior e presidente do partido, Horst Seehofer, ameaça agir por conta própria para expulsar migrantes. Tal atitude poderia resultar numa ruptura da coalizão de governo e iniciar uma nova crise política em Berlim.
A crise migratória da Europa foi aliviada após o fechamento de algumas das principais rotas migratórias, como a dos Bálcãs. Outro caminho utilizado pelos migrantes, a travessia do norte da África para a Itália, também teve fluxo menor do que nos anos anteriores.
Entretanto, a pressão política permanece alta em vários países, impulsionada pelos avanços de políticos populistas de direita na Alemanha, Itália e no Leste Europeu.
RC/lusa/rtr/dpa
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