Viagem à Ásia
28 de agosto de 2007Durante discurso na Academia Chinesa de Ciências Sociais, nesta terça-feira (28/08), em Pequim, a chanceler federal Angela Merkel se posicionou enfaticamente pela defesa dos direitos humanos no país.
Em seu segundo dia de visita à China, Merkel encontrou-se com jornalistas críticos ao regime chinês, cujos trabalhos foram, recentemente, em parte censurados pelo governo chinês. Merkel ressaltou que as Olimpíadas de 2008 focalizarão as atenções mundiais para a China.
Ao contrário dos anos anteriores, somente três acordos econômicos foram assinados entre os governos alemão e chinês. Em relação à Organização Mundial do Comércio (OMC), Merkel defendeu a retomada das negociações para o avanço da rodada Doha, das quais se retiraram Brasil e Índia, em junho último.
Democracia e liberdade de imprensa
Merkel se posicionou também, em Pequim, por uma maior liberdade de imprensa e pelo respeito aos direitos humanos e tentou fazer lobby junto ao chefe do Parlamento chinês, Wu Bangguo, para que seja assegurado, legalmente, o trabalho da imprensa na China.
Em seu discurso, ela defendeu a liberalização da imprensa antes dos Jogos Olímpicos, que acontecerão no próximo ano, em Pequim. Durante as Olimpíadas de 2008, afirmou Merkel, "o mundo olhará para a China de uma maneira como não olhava há muitos anos".
A Anistia Internacional saudou o fato de Angela Merkel ter falado abertamente sobre a questão dos direitos humanos no país. "Este é um bom sinal para muitos jornalistas e ativistas na China", afirmou a secretária-geral da seção alemã da Anistia Internacional, Bárbara Lochbihler.
Os quatro jornalistas independentes, com quem Merkel se encontrou após o discurso na Academia de Ciências Sociais, elogiaram seu engajamento: "O encontro demonstrou que democracia e liberdade de imprensa são de grande importância para a chanceler federal", afirmou Li Datong, editor demitido de um popular suplemento semanal do jornal China Youth Daily.
Brasil como principal parceiro
Na área econômica, Merkel apelou por uma maior responsabilidade do governo, criticando duramente a falta de proteção à propriedade intelectual no país e o plágio de automóveis alemães.
"Não seria bom", afirmou a chefe de governo, se, de repente, no próximo Salão Internacional do Automóvel de Frankfurt, aparecesse um carro que se parece com um Smart, mas que é somente uma cópia elaborada ilegalmente.
Como atual presidente do G8, Merkel falou sobre diversas questões de relevância internacional, como a retomada de negociações sobre a liberalização do comércio mundial entre Brasil, Índia, EUA e União Européia.
Em junho passado, Brasil e Índia decidiram retirar-se das negociações. Merkel apontou o Brasil como principal parceiro: "Existe ainda uma faísca de esperança de que podemos chegar a um acordo final", declarou a premiê.
"Diversidade, clareza e abertura"
Em sua viagem, Merkel está acompanhada de 25 representantes da indústria e empresariado. Em Pequim, alemães e chineses assinaram dois acordos de cooperação no setor energético e de tecnologias não avessas ao meio ambiente. O grupo ThyssenKrupp assinou, ainda, um protocolo para produção de peças para motores, em Nanquim.
A reforma do Conselho de Segurança da ONU também foi tema do discurso de Merkel. Em julho último, a Alemanha havia desistido da pretensão de um assento permanente no Conselho. "Acho que devemos repensar este assunto", declarou a chanceler federal.
Antes de seguir para Nanquim, segunda estação de sua viagem à China, Merkel declarou como positivo o balanço de seus diálogos com a liderança chinesa, afirmando que a "diversidade, clareza e abertura" nas conversações seriam sinais animadores. Na quarta-feira (29/08), Merkel segue para o Japão, onde finaliza sua mais longa viagem internacional realizada até o momento.(ca)