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Confronto

16 de fevereiro de 2011

Confrontos atingem Líbia, Barein e Iêmen e mantêm países árabes sob tensão nos últimos dias. Também no Irã há choques entre forças do governo e manifestantes. Medo de racionamento faz preço do petróleo subir.

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Iranianos protestam nas ruasFoto: Kaleme

Os protestos no mundo árabe atingiram nesta quarta-feira (16/02) também a Líbia, onde centenas de manifestantes entraram em conflito com a polícia e com defensores do governo. Os protestos foram desencadeados após a detenção de um ativista dos direitos humanos. A Líbia fica localizada entre o Egito e a Tunísia, dois países nos quais levantes populares destituíram ditadores que estavam no governo há várias décadas.

Contra a vontade das forças de segurança, muitos egípcios continuam os protestos nas ruas, mesmo após a renúncia de Hosni Mubarak. Uma onda de greves e protestos no país dificulta a volta à normalidade.

Revolution in Ägypten
Militares e população nas ruas do CairoFoto: AP

Nos cemitérios do Cairo, por exemplo, centenas de funcionários protestaram contra seus baixos salários e em prol de melhores planos de saúde. O tráfego aéreo no país também foi atingido pelas greves, bem como a indústria têxtil. As escolas e universidades, que teriam de reabrir esta semana, permanecem fechadas por mais alguns dias. Nesta quarta-feira, todos os bancos do país permaneceram fechados.

Perda de controle

No Barein, Iêmen e Irã houve mais um dia de protestos. Na capital iemenita, Sana, a polícia perdeu o controle sobre a situação durante um confronto entre opositores e defensores do governo. Milhares de xiitas tomaram as ruas de Manama, capital do Barein, depois que um manifestante foi morto a tiros durante um confronto entre forças policiais e os participantes do protesto.

Aproximadamente duas mil pessoas passaram a última noite em tendas instaladas em um importante cruzamento do centro da cidade. O Barein é governado pela elite sunita – motivo da revolta dos xiitas, que formam a maioria da população.

Forças norte-americanas

Os tumultos no mundo árabe não atingiram, até agora, as forças norte-americanas estacionadas na região. No entanto, esse quadro pode mudar, caso, por exemplo, a situação se agrave no Barein: o pequeno emirado no Golfo Pérsico serve de base para a Marinha norte-americana, sendo ponto importante em questões de estratégia de segurança para Washington no Oriente Médio.

Bahrain Proteste Trauer Trauerzug
No Bahrein, clima também é tensoFoto: AP

Após a Guerra do Golfo contra o Iraque em 1991, o Barein se tornou um dos principais aliados dos EUA na região. Nas semanas que antecederam à onda de protestos, que começou na Tunísia e se alastrou pelo Egito, representantes do governo norte-americano haviam elogiado o Barein pelo fato de o país estar supostamente "no caminho certo da democracia".

A Secretaria de Estado norte-americana aponta para uma situação de "grande preocupação" diante dos protestos, que já deixaram dois mortos. O governo norte-americano pediu ao governo do país que apure as circunstâncias dessas mortes, punindo as forças de segurança que tenham abusado da violência.

Confronto no Irã

A situação no Irã agrava-se ainda mais. Durante o enterro de um manifestante morto nos protestos, estudantes foram atacados por defensores do regime. O governo anunciou um evento público contra a oposição e o Judiciário ameaça punir antigos reformistas. A perpetuação do confronto entre o regime e opositores é iminente.

A televisão estatal dedicou boa parte de sua programação à campanha contra os reformistas. O governo incita principalmente a população a se manifestar contra os líderes oposicionistas Mir Hossein Mousavi e Mehdi Karoubi.

Os protestos, convocados pela oposição, reuniram pela primeira vez desde 2009 milhares de pessoas nas ruas de Teerã. Os defensores de uma reforma no país condenaram a violência do aparato estatal para sufocar as manifestações.

Reações europeias

Catherine Ashton Rede in Gaza bei UNRWA
Catherine Ashton: visita à regiãoFoto: AP

O governo alemão conclamou o Irã a não impedir os protestos pacíficos no país. Para Berlim, os iranianos têm o direito de clamar por liberdade e pelo respeito aos direitos humanos, afirmou Steffen Seibert, porta-voz do governo. Segundo ele, é "absolutamente inaceitável" que os manifestantes sejam repreendidos desta forma. Berlim condena também explicitamente as ameaças do governo iraniano aos políticos da oposição.

Catherine Ashton, representante diplomática da União Europeia, apelou ao Irã que respeite o direito da população de fazer protestos pacíficos. Ela passa no momento pela região, tendo visitado a Tunísia no último fim de semana, e será a primeira diplomata europeia a visitar o Egito depois da queda de Mubarak.

Inquietações no mercado

A onda de protestos no mundo árabe gerou inquietação entre os investidores do mercado de petróleo. Paira o receio de que possa haver dificuldades no fornecimento do produto, caso os tumultos se perpetuem no norte da África e na região do Golfo Pérsico. "O mercado está muito nervoso", afirma Thorbjorn Bak Jensen, analista da A/S Global Risk Management Ltd.

"Fica difícil estimar se a situação vai se acalmar nesses países", avalia Jensen. O medo de que o petróleo possa vir a faltar no mercado internacional fez com o preço do tipo Brent superasse os 100 dólares, uma marca que não havia sido ultrapassada desde 2008.

SV/dpa/rtr

Revisão: Roselaine Wandscheer