Otan contra as drogas
10 de outubro de 2008A Otan decidiu nesta sexta-feira (10/10) que a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) atuará na luta contra a produção de drogas no Afeganistão, mas cada país-membro é livre para decidir se participa ou não da operação. O grupo radical islâmico Talibã, combatido pela Isaf, obtém seus recursos financeiros principalmente por meio do tráfico de drogas.
Reunidos em Budapeste, na Hungria, os ministros da Defesa dos 26 países-membros da Otan deram sinal verde à Isaf para que os soldados da força internacional destruam laboratórios utilizados para a elaboração de ópio a partir da papoula, segundo confirmou o porta-voz da aliança militar, James Appathurai.
"A Isaf pode atuar em cooperação com os afegãos contra instalações e pessoas que apóiem a insurgência, desde que haja consentimento das nações envolvidas", afirmou Appathurai.
Riscos para os soldados
A referência à cooperação das autoridades locais leva em consideração a posição da Espanha, da Itália e da Alemanha, para quem a luta contra o cultivo e a produção de drogas deveria ser deixada para a polícia afegã. Além disso, esses países temem que o combate à produção de drogas represente um risco muito grande para seus soldados.
Já os Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Holanda são favoráveis à atuação da Isaf contra a produção de drogas. A decisão da Otan veio dias após o ministro afegão da Defesa, Abdel Rahim Wardak, solicitar ajuda à organização, na luta contra os laboratórios de refino de drogas e a importação de produtos químicos necessários para transformar o ópio em heroína.
O ministro alemão da Defesa, Franz Josef Jung, disse que a solução encontrada foi boa. "Isso significa que o mandato da Bundeswehr continua como está", declarou. As tarefas dos soldados alemães no Afeganistão – como o treinamento de policiais – continuam sendo as mesmas, lembrou Jung.
Maior produtor mundial de ópio
Funcionários da Otan asseguraram que o acordo está em consonância com as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e com o plano de operações da Isaf. O acordo será revisado durante o próximo encontro de ministros da Defesa da Otan, em fevereiro próximo na Polônia.
O acordo também destaca que as ações contra a produção de drogas deverão evitar vítimas civis e se darão em regiões prioritárias, principalmente no sul do país. Os 3.300 soldados alemães estão estacionados no norte.
O Afeganistão é responsável por cerca de 90% da produção mundial de ópio. Segundo as Nações Unidas, o número de províncias afegãs livres das lavouras de papoula subiu para 18, o que representa mais da metade do território do país. Quase todas as regiões produtoras estão em áreas sob responsabilidade de soldados dos Estados Unidos e do Reino Unido.
As estimativas sobre o faturamento dos rebeldes talibãs com a produção e o contrabando de drogas variam, mas o valor deve ficar entre 60 milhões e 100 milhões de dólares por ano. Segundo as Nações Unidas, a área plantada com papoula no Afeganistão reduziu-se em cerca de 20% no ano passado.