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Otimismo com a suspensão de atividades nucleares na Coreia do Norte

1 de março de 2012

Vizinhos como Japão, China e Coreia do Sul dizem que acordo é um passo importante para a retomada das negociações pelo fim das atividades nucleares na Coreia do Norte. EUA observam com cautela.

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Foto: AP

O anúncio de um acordo entre Coreia do Norte e Estados Unidos para suspender as atividades nucleares norte-coreanas foi bem recebido pela comunidade internacional.

Os países que compunham a chamada "conversa dos seis" – Coreia do Sul, Japão, Rússia, China e Estados Unidos, além da Coreia do Norte – consideraram a decisão como um passo em direção à retomada das negociações entre os governos, iniciadas em 2009, com o intuito de convencer os norte-coreanos a encerrarem seu programa nuclear.

Em comunicado oficial, a China afirmou apreciar os esforços de ambas as partes e encorajá-las a continuar dando "suas respectivas contribuições para manutenção da paz e da estabilidade na península coreana". A Coreia do Sul destacou o trabalho conjunto realizado entre Seul e Washington para solucionar o impasse sobre a questão nuclear no país vizinho.

O anúncio da suspensão das atividades nucleares no país se dá apenas dois meses e meio depois de Kim Jong Un ter assumido o governo da Coreia do Norte, após a morte do pai, King Jong Il. O regime também concordou em suspender o enriquecimento de urânio e as atividades com mísseis de longo alcance.

Como contrapartida, os EUA farão a distribuição de 240 mil toneladas de alimentos. Há cerca de duas décadas os norte-coreanos enfrentam problemas de escassez de alimentos e milhões de pessoas vivem em extrema pobreza. O acordo sugere que, caso seja necessário, os EUA poderão enviar mais ajuda.

Passo no direção certa

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou que a moratória aceita pela Coreia do Norte é um "modesto primeiro passo na direção certa", rumo à paz. Segundo Clinton, os Estados Unidos ainda têm "grande preocupação" e vão acompanhar de perto as futuras ações do governo norte-coreano, para só então poder avaliá-las com mais precisão.

Já o primeiro-ministro japonês, Yoshihiko Noda, afirmou no Parlamento em Tóquio que considera o acordo como um "importante passo" para a resolução de questões nucleares e dos mísseis. O ministro japonês do Exterior, Koichiro Gemba, no entanto, declarou-se um pouco mais cético.

Kim Jong Un está há pouco mais de 2 meses no poder
Kim Jong Un está há pouco mais de 2 meses no poderFoto: Reuters

"Se vocês me perguntarem se estamos em uma situação em que a 'conversa dos seis' pode ser convocada imediatamente, vou dizer que não. Mas acredito que o ambiente para recomeçar as conversas está melhorando gradualmente", disse Gemba a repórteres.

Desde 2008 o Japão não tem fechado acordos com Pyongyang, em meio a diferenças sobre o programa nuclear coreano e os testes de mísseis realizados pelos norte-coreanos.

Exemplo positivo

A Rússia também demonstrou expectativa em retomar as conversas sobre programas nucleares dentro do grupo dos seis países. "O acordo foi um exemplo positivo de como os esforços de diferentes partes, que buscam um objetivo comum, podem levar a uma solução aceitável para todos os lados em circunstâncias bastante complicadas", afirmou o Kremlin em comunicado oficial.

Nos últimos 18 meses, os russos vêm ampliando sua presença militar na fronteira com a Coreia do Norte, na medida em que as tensões na península coreana vinham aumentando.

Acordo fiscalizado

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) também elogiou o acordo e disse que este é um imporante passo à frente. A agência disse estar preparada para retomar o monitoramente das atividades nucleares norte-coreanas.

Usina de Yongbyon será fiscalizada por especialistas da AIEA
Usina de Yongbyon será fiscalizada por especialistas da AIEAFoto: ddp/AP/APTN

Segundo a moratória aceita pela Coreia do Norte, o país permitirá a entrada de inspetores da agência na planta de Yongbyon, principal central nuclear do país, a fim de que especialistas possam constatar se o acordo para paralisar as atividades foi cumprido.

Em 2005, após negociações internacionais, a Coreia do Norte já havia se comprometido a desistir de seu programa nuclear. Para isso havia sido oferecido ao país estímulos econômicos e diplomáticos. Mas o acordo nunca foi implementado. Pelo contrário. Nos anos de 2006 e 2009 o país, então comandado por King Jong Il, realizou dois testes nucleares.

Pouco depois o governo revelou estar trabalhando com o enriquecimento de urânio. Há anos o país desenvolve um programa para produção de plutônio. Com as duas substâncias é possível construir uma bomba atômica.

MSB/rtr/dpa/afp
Revisão: Carlos Albuquerque