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Pelosi deixará a liderança democrata no Congresso dos EUA

17 de novembro de 2022

Eleita em 1987, parlamentar foi a primeira mulher a presidir o Legislativo americano, em 2007, cargo para o qual retornou em 2019: "Chegou a hora de uma nova geração liderar o partido", disse.

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A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, discursa em um púlpito no Capitólio, em Washington. Ela veste uma blusa escura e um blazer claro.
Foto: Carolyn Kaster/AP/picture alliance

A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos e líder do Partido Democrata, Nancy Pelosi, de 82 anos, anunciou nesta quinta-feira (17/11) que não irá concorrer à reeleição para o cargo. Devido a isso, ela confirmou que vai deixar a posição assim que começar o novo mandato da casa – agora com maioria de deputados republicanos –, em janeiro.

"Não vou tentar a reeleição da liderança democrata para o próximo Congresso. Chegou a hora de uma nova geração liderar o partido", afirmou, em um discurso emocionado.

Na semana passada, ela havia dito que a decisão poderia ser influenciada também pelo ataque sofrido pelo marido no dia 28 de outubro, durante a campanha para as eleições de meio de mandato, as midterms, que ocorreram em 8 de novembro. Ao mesmo tempo, ela admitiu que pensou em permanecer na liderança do partido justamente para não se mostrar intimidada pelo perpretrador e outros possíveis inimigos.

Paul Pelosi, que também tem 82 anos, foi hospitalizado com ferimentos graves depois que um homem invadiu sua casa na Califórnia e o atacou com um martelo. O invasor teria perguntado a Paul onde estava sua esposa. A vítima sofreu fraturas no crânio, no braço direito e mãos.

Segundo o porta-voz da congressista, Drew Hammill, Paul foi "violentamente agredido" por um homem que invadiu a residência da família em São Francisco e exigia ver Pelosi. Ele passou por uma cirurgia e não corre risco de morrer.

A renúncia de Pelosi marca o fim de uma era em Washington e ocorre após o Partido Republicano assegurar a maioria de parlamentares na Câmara depois da vitória nas midterms. No Senado, por outro lado, a maioria ficou com os democratas, fato que foi elogiado pela parlamentar.

"Na semana passada, o povo americano falou e suas vozes se levantaram em defesa da liberdade, do estado de direito e da própria democracia. O povo levantou-se contra violações e repeliu o ataque à democracia", disse Pelosi, que continuará representando o distrito de São Francisco no Congresso.

Eleita em 1987, Pelosi tornou-se líder do Legislativo americano em 2007, a primeira mulher no cargo para o qual retornou em 2019.

Atualmente, ela é a segunda na linha de sucessão à presidência dos EUA, atrás somente da vice-presidente, Kamala Harris.

A imagem mostra o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, e a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, aplaudindo o ex-presidente americano Donald Trump. Pence e Trump vestem ternos escuros. Pelosi veste um blazer claro. Ao fundo, há uma bandeira dos Estados Unidos.
Eleita pela primeira vez para a presidência da Câmara dos EUA em 2007, Pelosi retornou à mesma posição em 2019Foto: Doug Mills/UPI Photo/Imago Images

Biden: "Feroz defensora da democracia"

O presidente dos EUA, Joe Biden, se pronunciou a respeito da renúncia da companheira de partido. Ele conceituou Pelosi como uma "feroz defensora da democracia" e "a mais consequente líder da Câmara dos Representantes na nossa história".

Em um comunicado, Biden declarou que "por causa de Pelosi, as vidas de milhões de americanos estão melhores, mesmo em localidades representadas por republicanos que votaram contra suas propostas e frequentemente a desprezaram".

"A história verá também sua força e determinação para proteger a nossa democracia da violenta e mortal insurreição de 6 de janeiro", disse Biden, referindo-se à invasão do Capitólio, ocorrida em 2021, quando apoiadores de extrema direita do ex-presidente Donald Trump atacaram o Congresso.

Reações adversas entre parlamentares

Além de Pelosi, outros dois octogenários, Steny Hoyer e James Clyburn, que figuram como lideranças dos democratas, devem ficar de fora de uma possível frente no partido. Com isso, há boas chances de ocorrer uma mudança geracional no poder da sigla.

Um dos nomes mais cotados é Hakeem Jeffries, de 52 anos. Ele chamou Pelosi de "G.O.A.T", abreviatura em inglês para "Greatest of All Time" [Melhor de todos os tempos].

"Obrigado por tudo o que você fez pela América", afirmou Jeffries.

No lado republicano, as reações foram bem diferentes. A deputada Lauren Boebert, por exemplo, disse: "A era Pelosi acabou. Boa viagem!"

Já o também republicano Kevin McCarthy, 57 anos, pressiona para tomar o lugar de Pelosi na liderança da Câmara. Na última terça-feira, ele venceu uma eleição interna secreta para liderar o partido, mas possíveis deserções podem complicar seu caminho.

O certo é que com maioria na casa, os republicanos já sinalizaram que pretendem tornar a vida do presidente Joe Biden mais difícil, a exemplo da abertura de investigações sobre os negócios da família, principalmente do filho Hunter.

gb (AFP, AP)