Fim da era Kaczynski
23 de outubro de 2007O partido liberal Plataforma Cívica (PO), liderado por Donald Tusk, venceu as eleições de domingo passado (21/10), na Polônia, pondo fim ao controvertido governo do primeiro-ministro Jaroslaw Kaczynski, irmão gêmeo do presidente polonês Lech Kaczynski. Esse é o principal assunto comentado pela imprensa alemã nesta terça-feira (23/10).
Tageszeitung (Berlim)
"Donald Tusk é o homem certo para um recomeço. Há dois anos, ele perdeu a eleição, acusado de ser 'amigo demais dos alemães'. Desta vez, essa acusação não funcionou. Tusk disse abertamente que gosta dos alemães, mas também dos tchecos, dos eslovacos, dos britânicos e dos russos."
Die Welt (Hamburgo)
"Jaroslaw Kaczynski teve um jogo fácil. Seu país vive o melhor momento dos últimos três séculos, mas o premiê não foi realista. Ele se via como um revolucionário, que se arrogava o direito moral de 'esticar' o estado de direito como uma tira de borracha e de desrespeitar os hábitos democráticos."
Frankfurter Rundschau (Frankfurt)
"Sem dúvida, tanto em Berlim quanto em Bruxelas, os poloneses irritaram até o limite sob o comando dos irmãos Kaczynski. Isso agora será diferente, o tom será mais ameno. A Carta Européia dos Direitos Humanos poderá ter uma chance em Varsóvia, e a introdução do euro está na ordem do dia. Mesmo assim, o novo governo polonês continuará defendendo firmemente seus próprios interesses."
Handelsblatt (Düsseldorf)
"A Polônia ainda precisará de tempo para superar suas sensibilidades históricas e a pesada herança das transformações e se integrar completamente à Europa. Devemos ter paciência e conceder-lhe esse tempo. Isso vale especialmente para nós, alemães. Temos uma responsabilidade histórica em relação ao vizinho e usufruímos de sua integração. Com Donald Tusk no comando do governo, esse processo será um pouco mais rápido e, com certeza, mais agradável."
Spiegel Online (Hamburgo)
"Os perdedores em Varsóvia chamam-se Kaczynski, mesmo que apenas um dos irmãos gêmeos tenha concorrido à eleição. Mas ainda não está claro se o desafiante Donald Tusk conseguirá realizar seu projeto liberal no governo."
Süddeutsche Zeitung (Munique)
"O vencedor da eleição polonesa fará bem em não dar uma demonstração de homem forte. Com sua eleição, os poloneses sinalizaram o que querem: distensão." (gh)