Eleições na Polônia
22 de outubro de 2007Com mais de 41% dos votos, o partido liberal Plataforma Cívica (PO), comandado pelo líder da oposição Donald Tusk, foi o claro vencedor das eleições parlamentares polonesas do último domingo (21/10). Apurada 99% da votação, o partido nacional conservador do premiê Jaroslaw Kaczynski, Partido Lei e Justiça (PiS), alcançou somente 32,2% dos votos.
A participação de 53,8% dos eleitores foi a maior desde o fim do comunismo em 1989. Nas eleições parlamentares de dois anos atrás, a participação do eleitorado foi somente de 40%. Com o resultado, o partido de Tusk receberá 209 mandatos de um total de 460 cadeiras do Parlamento polonês. No senado, ele já tem maioria.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Franz-Walter Steinmeier (SPD), congratulou "muito cordialmente" Donald Tusk pela vitória. O presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pöttering, avaliou a vitória da Plataforma Cívica de Tusk como "um bom sinal" para a Europa. E apesar de toda reticência diplomática, a reação da chanceler federal alemã Ângela Merkel foi de muita esperança, informou o porta-voz Thomas Steg.
Merkel e Tusk
Através do porta-voz, Merkel declarou, nesta segunda-feira em Berlim, que a Alemanha teria um "enorme interesse" em um relacionamento bom e próximo com a vizinha Polônia, acrescentando que gostaria de se encontrar "o mais rápido possível" com o futuro chefe polonês de governo.
Merkel e Tusk se conhecem do Partido Popular Europeu (PPE), agrupamento cristão democrata/conservador no Parlamento Europeu ao qual pertencem os partidos de Merkel (CDU) e de Tusk (PO).
O moderado partido camponês PSL, com o qual Tusk fará, possivelmente, coalizão, também é ligado ao PPE. Com 8,9% dos votos poloneses, o moderado PSL estará representado no Parlamento polonês com 31 deputados.
A aliança de centro esquerda LiD conseguiu 13,2% dos votos ou 53 mandatos. O partido dos gêmeos Kaczynski contará com 166 representantes. Os demais partidos não conseguiram o mínimo de 5% para ingressar no Parlamento. O partido da minoria alemã da Polônia, que não está sujeito à regra dos 5%, fará um deputado.
Vizinho polonês
A oposição liberal se esforça por uma rápida troca de governo. A coalizão deverá ser anunciada na convenção do partido, a se realizar em 10 de novembro, informou Bogdan Zdrojewski, chefe da bancada da Plataforma Cívica no Parlamento polonês. Até sair o resultado oficial da eleição, na terça-feira (23/10), Donald Tusk afirmou que não quer se comprometer com possíveis coalizões. PiS e LiD declararam, no entanto, que gostariam de fazer oposição.
Entre os planos do novo governo polonês, estão a aceleração do ingresso da Polônia na zona do euro, freado pelo governo de Kaczynski, e uma renúncia à política dos Estados Unidos no Iraque. O partido de Tusk quer pôr um fim à pouco popular intervenção polonesa ao lado das tropas norte-americanas no Iraque.
Os bloqueios da Polônia às reformas da União Européia e às conversações com a Rússia deverão pertencer ao passado. Apesar da reação positiva de autoridades alemãs ao novo governo em Varsóvia, deverão permanecer temas divergentes do governo de Kaczynski entre a Alemanha e a Polônia, como a construção do duto no Mar Báltico ligando a Rússia à Alemanha, contornando o vizinho polonês.(ca)