Potências europeias unem forças em defesa de interesses
29 de abril de 2018A chanceler federal alemã, Angela Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira–ministra britânica, Theresa May, conversaram por telefone neste fim de semana para avaliar os recentes encontros com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo comunicaram os três governos neste domingo (29/04), as conversas entre os líderes europeus se centraram no acordo nuclear com o Irã e nas relações comerciais entre Bruxelas e Washington, em meio a tarifas comerciais impostas por Trump à União Europeia (UE).
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Em comunicado, o gabinete da premiê britânica afirmou que, durante o telefonema, Merkel, Macron e May reafirmaram o apoio europeu ao acordo nuclear iraniano, descrevendo-o como a "melhor maneira de neutralizar a ameaça de um Irã munido de armas nucleares".
Segundo o texto, os três líderes concordaram que existem "elementos importantes" fora do acordo, os quais precisam ser abordados entre as potências. Entre os temas estão mísseis balísticos; o que acontece quando o pacto expirar; e a atividade desestabilizadora do Irã na região.
"Eles se comprometeram a continuar trabalhando juntos entre si e com os EUA para descobrir como enfrentar a série de desafios que Teerã representa, incluindo essas questões que um novo acordo pode incluir", diz o comunicado do governo britânico.
Os três governantes ainda reiteraram que sua prioridade, "como comunidade internacional, continua sendo impedir o Irã de desenvolver armas nucleares".
Em outro comunicado, o governo francês disse que Macron está tentando criar um eixo com Berlim e Londres que considera "decisivo" para convencer os EUA a não abandonarem o acordo com o Irã. O pacto, por sua vez, seria "decisivo para preservar os interesses" dos três países e sua segurança.
O porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, ainda acrescentou que Alemanha, França e Reino Unido estão dispostos a elaborar, "em um texto mais amplo e com a presença de todos as partes envolvidas", medidas adicionais ao acordo.
Em telefonema com Macron neste domingo, o presidente iraniano, Hassan Rohani, afirmou que o pacto nuclear "não é negociável de maneira nenhuma", reiterando a posição firme de Teerã em relação à questão. "O Irã não aceitará qualquer restrição além de seus compromissos", disse ele ao presidente francês, segundo a página da presidência do Irã na internet.
A ameaça de Trump ao acordo
O pacto foi assinado em 2015 pelo ex-presidente americano Barack Obama, envolvendo, além de Irã e EUA, a Alemanha, a França, a China, o Reino Unido e a Rússia. Ele visava restringir o programa nuclear iraniano em troca do alívio das sanções internacionais ao país.
Trump tem até 12 de maio para decidir o futuro do acordo – isso porque as sanções americanas são revistas periodicamente. Na vez passada, em 12 de janeiro, o presidente disse que aquela seria a "última vez" que manteria as sanções suspensas.
Mais recentemente, Trump reiterou sua ameaça de descumprir o acordo, a menos que seus aliados europeus consertem, até o dia 12, as "terríveis falhas" presentes no pacto.
Em encontro com Macron em Washington no início da semana, o presidente americano afirmou que o trato com Teerã possui "bases decadentes". "É um acordo ruim, com uma estrutura ruim, e está desmoronando", criticou o republicano.
Na ocasião, Trump ainda usou linguagem forte para acusar Teerã de causar problemas em toda a região. "Não importa aonde você vá no Oriente Médio, o Irã parece estar por trás de todos os lugares onde há problemas", disse ele na última terça-feira.
A viagem do presidente francês aos Estados Unidos foi seguida de uma visita de Merkel a Trump, na sexta-feira, e faz parte do esforço europeu para convencer o presidente americano a permanecer no acordo com o Irã.
Em seu encontro na Casa Branca, Macron propôs buscar um "novo acordo" além do existente. Merkel acrescentou depois que a Alemanha também acha que é preciso "adicionar mais", uma vez que as cláusulas atuais "não são suficientes para conferir ao Irã um papel baseado na confiança".
Relações comerciais
Neste fim de semana, os líderes das três maiores economias da União Europeia também conversaram sobre as divergências comerciais com o presidente americano, concordando com a necessidade de reações rápidas às tarifas comerciais impostas por Washington.
"A UE deve estar pronta para reagir, se necessário, com eficiência e rapidez", disse a presidência da França em seu comunicado, após o telefonema entre os três líderes.
Em março, Trump anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre produtos de aço e de 10% sobre os de alumínio provenientes de fora dos EUA. Aos europeus foi dado um período de exceção às taxas, que expira na próxima terça-feira, 1º de maio.
Líderes europeus pedem ao presidente americano que mantenha suspensas as tarifas à União Europeia – que, somente no ano passado, exportou quase 8 bilhões de dólares em aço e alumínio ao mercado americano.
Em telefonema, Macron, Merkel e May disseram "esperar que os EUA não tomem medidas contrárias aos interesses transatlânticos", segundo o comunicado do governo em Paris.
Durante o encontro com a chanceler federal alemã e o presidente francês na Casa Branca na semana passada, Trump não deu indicações sobre se pretende ou não seguir isentando a UE das taxas, decisão que só deve ser conhecida em 1º de maio.
EK/afp/ap/efe/dw
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